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MANUEL DE OLIVEIRA FAZ HOJE 102 ANOS,
E CONTINHUA A TRABALHAR, A REALIZAR
FILMES E JÁ TEM PLANOS PARA MAIS DOIS...
É espantoso, que energia,
Manoel de Oliveira
Nome completo Manoel Cândido Pinto de Oliveira
Nascimento 11 de Dezembro de 1908 (102 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Atividade cineasta )
Manoel de Oliveira , de nome completo Manoel Cândido Pinto de Oliveira, Porto, 11 de Dezembro de 1908),[1], é um cineasta português com uma das mais longas carreiras na cinematografia internacional.
Biografia
Realizador mais velho do mundo em actividade, autor de trinta e duas longas-metragens [2], Manoel de Oliveira provém de uma família da alta burguesia nortenha, tendo antepassados fidalgos.[3] É filho de Francisco José de Oliveira, industrial e primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, e de sua esposa, Cândida Ferreira Pinto.
Ainda jovem foi para A Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas. Admite ter sido sempre mau aluno. Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara, e atleta do Sport Club do Porto, um clube de elite. Ainda antes dos filmes veio o automobilismo e a vida boémia. Eram habituais as tertúlias no Café Diana, na Póvoa do Varzim, com os amigos José Régio, Agustina Bessa-Luís, e outros.
Aos vinte anos vai para a escola de actores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado, e um dos pioneiros do cinema português de ficção. Berlim: sinfonia de uma cidade, documentário vanguardista de Walther Ruttmann, influência-o profundamente. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro — Douro, Faina Fluvial (1931) foi o seu primeiro filme, que suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado dos críticos nacionais. Seria o primeiro documentário de muitos que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal, motivo repercutido em Nazaré, Praia de Pescadores de Leitão de Barros, Almadraba Atuneira de António Campos) ou Avieiros de Ricardo Costa).
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios da Kodak, na Alemanha e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, vindo a dizer, mais tarde, não se identificar com aquele estilo de cinema popular.
Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: adaptado do conto Os Meninos Milionários, de Rodrigues de Freitas, filma Aniki-Bobó (1942), um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto. O filme foi um fracasso comercial, mas com o tempo daria que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos, envolvendo-se nos negócios da família. Só voltaria ao cinema catorze anos depois, com O Pintor e a Cidade, em 1956.
Em 1963, O Acto da Primavera (segunda docuficção portuguesa) marcou uma nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que António Campos, iniciou Oliveira em Portugal, a prática da antropologia visual no cinema. Prática essa que seria amplamente explorada por cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António Reis, Ricardo Costa e Pedro Costa, no documentário. O Acto da Primavera e A Caça são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação, o segundo – que conheceu a supressão de uma cena por parte da censura – como ficção pura em que a encenação não se esquiva ao gosto do documentário.
Por causa de alguns diálogos no filme passou dez dias de cadeia na PIDE[4].
A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e projectos não-realizados, só a partir da sua futura longa metragem (O Passado e o Presente, de 1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até ao final do século. A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflexões teóricas de amigos e conhecidos comentadores.
A tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa longa experimentação. O palco seria o plateau, em que o filme falado, em «indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter o teatro como referência, como origem e fundamento. Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos, e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma emoção, mas sempre com muito sentimento.
Manoel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos. Apesar dos múltiplos condecorações em alguns dos festivais mais prestigiados do mundo, tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza ou o Festival de Montreal, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta. Durante o Festival de Cannes em 2008, foi congratulado e felicitado pessoalmente pelo actor norte-americano Clint Eastwood.
Os seus actores preferidos, com quem mantém uma colaboração regular são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Rogério Samora, Miguel Guilherme, Isabel Ruth e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa. Não são também alheias as participações de actores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, John Malkovich, Michel Piccoli, Irene Papas, Chiara Mastroianni, Lima Duarte ou Marisa Paredes.
Em 2008 completou cem anos de vida, tendo, entre outras, comemorações, sido condecorado pelo Presidente da República, e assistido à produção de um sem número de documentários sobre a sua vida e obra. Centenário, dotado de uma resistência e saúde física e mental inigualáveis, é o mais velho realizador do mundo em actividade, e ainda com planos futuros.
Prémios e galardões
É professor honorário da Academia de Cinema de Skopje
Recebeu em 2008 o Prémio Mundial do Humanismo
Em 2008, Manoel de Oliveira recebeu o Doutoramento honoris causa pela Universidade do Algarve
Em 2009 recebeu nos XIV Globos de Ouro transmitido na SIC no 18 de Maio de 2009 um prémio de prestigio e de homenagem pelo seu trabalho que realizou tendo já 100 anos de idade, sendo dos realizadores mais velhos do mundo.
Agraciado com a GCSE pelo Presidente de Portugal.
Filmografia
Longas-metragens
2010 - O Estranho Caso de Angélica
2009 - Singularidades de uma Rapariga Loura
2007 - Cristóvão Colombo – O Enigma
2006 - Belle Toujours
2005 - Espelho Mágico
2004 - O Quinto Império - Ontem Como Hoje
2003 - Um Filme Falado
2002 - O Princípio da Incerteza
2001 - Porto da Minha Infância
2001 - Vou para Casa
2000 - Palavra e Utopia
1999 - A Carta
1998 - Inquietude
1997 - Viagem ao Princípio do Mundo
1996 - Party
1995 - O Convento
1994 - A Caixa
1993 - Vale Abraão
1992 - O Dia do Desespero
1991 - A Divina Comédia
1990 - Non, ou a Vã Glória de Mandar
1988 - Os Canibais
1986 - O Meu Caso
1985 - Le Soulier de Satin
1981 - Francisca
1979 - Amor de Perdição (1979)
1974 - Benilde ou a Virgem Mãe
1971 - O Passado e o Presente
1963 - Acto da Primavera (docuficção)
1942 - Aniki-Bobó
aniki bóbó
Curtas e médias metragens
2010 - Painéis de São Vicente de Fora, Visão Poética
1985 - Simpósio Internacional de Escultura em Pedra - Porto
1983 - Lisboa Cultural
1983 - Nice - À propos de Jean Vigo
1982 - Visita ou Memórias e Confissões
1966 - O Pão (documentário)
1965 - As Pinturas do meu irmão Júlio (documentário)
1964 - A Caça
1956 - O Pintor e a Cidade
1941 - Famalicão (filme)
1938 - Já se Fabricam Automóveis em Portugal
1938 - Miramar, Praia das Rosas
1932 - Estátuas de Lisboa
1931 - Douro, Faina Fluvial
Como actor
1994 - Lisbon Story, de Wim Wenders
1980 - Conversa Acabada, de João Botelho
1933 - A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo
1928 - Fátima Milagrosa, de Rino Lupo
Como supervisor
1970 - Sever do Vouga… Uma Experiência, de Paulo Rocha
1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes.
Outros
1937 - Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo (documentário)
1958 - O Coração (documentary, 1958)
1964 - Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana (documentário)
1987 - Mon Cas (1987)
1987 - A Propósito da Bandeira Nacional (1987)
2002 - Momento (2002)
2005 - Do Visível ao Invisível (2005)
2006 - O Improvável não é Impossível (2006)
[editar] Vida pessoal
Oliveira casou com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais (nascida em 1918), no Porto em 4 de dezembro de 1940. Do casamento resultaram quatro filhos:
Manuel Casimiro Brandão Carvalhais de Oliveira (nascido em 1941).
José Manuel Brandão Carvalhais de Oliveira (nascido em 1944).
Isabel Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (nascida em 1947).
Adelaide Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (nascida em 1948).
Tem também já vários netos e bisnetos. Um dos netos é o conhecido actor Ricardo Trepa (filho de Adelaide).
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