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quinta-feira, agosto 24, 2006

BOCAGE

.
HOJE O BLOG LUSO CARIOCA
KEMBRA O GRANDE POETA
E BOÉMIO MANUEL MARIA
BARBOSA DU BOCAGE


BOCAGE ESCREVEU INÚMEROS
POEMAS SAFADOS, EIS UM
DOS SEUS MAIS LEVES...

Manuel Maria Barbosa du Bocage é



Lá quando em mim perder a humanidade

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."


(de "Poesias eróticas burlescas e satíricas")
Manuel Maria de Barbosa l´Hedois Du Bocage (Setúbal, 1765 – Lisboa, 1805), poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.

Nascido em Setúbal a 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa a 21 de Dezembro de 1805. Era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, que foi juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.

Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do Paraíso de Milton, imitadora da Morte de Abel, de Gessner, e autora da tragédia As Amazonas e do poema épico em dez cantos A Columbiada, que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.

Apesar das inúmeras biografias publicadas após a sua morte, uma boa parte da sua vida permanece um mistério. Não sabemos que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é muito duvidosa e discutível.

A sua infância foi infeliz. O seu pai foi preso por dívidas ao Estado quando ele tinha 6 anos de idade e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando ele tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, aparece nomeado guarda-marinha por D. Maria I. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.

Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que fez escala no Rio de Janeiro (finais de Junho) e na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou, embarcando para Macau. Estranhamente, não foi punido e deverá ter regressado a Lisboa em meados de 1790.

A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras. Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades. Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”. Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797, dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio. Aí ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de 1798.

De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir. A partir de 1801 até à morte viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto.

Bibliografia

Títulos e edições principais da obra poética de Bocage:
Rimas, 3 volumes, Lisboa 1791, 1799 e 1804
Obras Completas, Rio de Janeiro, 1811
Rimas, 4º volume (precedido de um discurso sobre a vida e escritos do poeta por José Maria da Costa e Silva), Lisboa, 1812
Rimas, 5º volume, Lisboa, 1813
Rimas, 6º volume, Lisboa, 1814
Obras poéticas (7 volumes), Lisboa, 1849-50
Poesias (6 volumes), edição de Inocêncio Francisco da Silva, com um estudo de Rebelo da Silva, Lisboa, 1853
Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, Lisboa, 1854
Poesias (Selecção - Colecção Clássicos da Sá da Costa), Lisboa 1942
Sonetos e Poesias Várias, com prefácio de Vitorino Nemésio, Colecção Clássicos Portugueses, Lisboa, 1943
O Livro das Fábulas, Lisboa 1930, com ilustrações de Julião Machado

Obras Escolhidas (2 volumes) com prefácio e notas de Hernâni Cidade e ilustrações de Lima de Freitas, Lisboa, 1969
Opera Omnia (3 volumes) publicados sob a direcção de Hernâni Cidade, Lisboa 1969-70
Poesias de Bocage com prefácio de Margarida Barahona na Colecção Textos Literários, Serra Nova, Lisboa 1981
Antologia Poética, selecção e introdução de Mª Antónia Carmona Mourão e Mª Fernanda Pereira Nunes, Bib. Ulisseia de Autores Portugueses, Lisboa

15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal

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