.
Com mais de 30 anos de carreira, os Ratos de Porão, pioneiros do "punk-hardcore" da América Latina, estão em Portugal para dois concertos, no Hard Club, do Porto, e no Tumulto Fest, do Seixal.
A banda, que tem como vocalista João Gordo, promete, segundo o baterista Boka afirmou à Lusa, uma atuação "para os fãs de todas as épocas" dos Ratos do Porão, "pegando nas músicas principais de cada álbum e montando um concerto com 30 músicas que são basicamente os clássicos".
Formados em 1980, em São Paulo, os Ratos de Porão editaram "Crucificados pelo sistema" em 1984, que reclamam ser o primeiro disco de "punk-hardcore" de uma banda gravado na América Latina. Com 14 álbuns no repertório, alguns deles gravados em editoras internacionais, fizeram uma carreira de referência no género, mas vão prosseguindo o seu caminho mais pausadamente.
"Faz dois anos que a gente diminui bastante o ritmo", afirma Boka, que diz que "a principal fórmula para manter a banda tanto tempo é, além de gostar disto, de fazer música, de fazer `shows,` de viajar, de ter uma boa amizade, não criar muitas expectativas, não fazer muitos planos".
"Vamos levando assim na calma, indo junto com o vento e já estamos na terceira década", acrescentou.
Estão há duas semanas na Europa e, depois de Portugal, têm ainda mais sete datas, repartidas entre Alemanha, Itália e países do Leste europeu. Para o segundo semestre, está prevista a edição de um novo disco, o primeiro registo discográfico desde 2010.
Para Boka, elemento de uma banda que sempre teve nas suas letras a crítica social e o combate político bem presente, os últimos acontecimentos no Brasil ainda são uma "coisa complexa, meio confusa e meio difusa".
Boka lembra que no caso das "Diretas já!" ou no "impeachment de Collor", os movimentos de rua tinha propósitos claros. Agora, acrescenta, "foi toda a gente para a rua sem uma reivindicação clara, só `a gente está na rua`".
O baterista afirma que "o ato público é parte da luta, não é a luta em si" e que este foi "um momento que daqui a alguns anos muita gente vai estudar na universidade".
Para o membro dos Ratos de Porão, "o lado bom é que muita gente já percebeu que pode ir para a rua, que pode falar e que isso faz parte de qualquer processo democrático".
Nenhum comentário:
Postar um comentário