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quarta-feira, outubro 09, 2013

LUIS RUFFATO ,UM ESCRITOR BRASILEIRO NA FEIRA DO LIVRO DE FRANKFURT

.
O ESCRITOR FOI SENSAÇÃO
NA FEIRA DO LIVRO DE
FRANKFURT



O escritor mineiro Luiz Ruffato foi o herói da cerimónia oficial da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que começa nesta quarta-feira e em que o Brasil é o país convidado. Arriscou, pôs o dedo na ferida e foi aplaudido de pé.
O Brasil é o país convidado da Feira do Livro de Frankfurt Ralph Orlowski/Reuters .

Mais
Brasil, um país de muitas vozes na Feira do Livro de Frankfurt


Para o brasileiro Luiz Ruffato “escrever é um compromisso”. O autor de “Estive em Lisboa e lembrei-me de ti” (que é editado em Portugal pela Quetzal e Tinta da China) quer “afectar o leitor”, modificá-lo, para transformar o mundo. “Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias”, disse nesta terça-feira, na cerimónia oficial de abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que este ano tem o Brasil como país convidado.

O escritor de Minas Gerais foi escolhido para ser o orador literário da cerimónia de boas vindas ao país convidado ao lado da presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, naquela que é a mais importante feira mundial do sector e que nesta quarta-feira abre portas. Fez um discurso que não deixou ninguém indiferente, mostrando como o Brasil é um “país paradoxal”: “Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edénicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza.”

Falou do genocídio histórico dos índios, que em 1500 eram quatro milhões e hoje são 900 mil, das desigualdades sociais, da violência, do racismo, afirmando que a história do Brasil se tem alicerçado “quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença”. No final havia gente a aplaudir de pé.

Emocionou, por exemplo, a mais importante agente literária brasileira, Lucia Riff, uma das veteranas de Frankfurt, e foi ao encontro do que pensa o escritor brasileiro Paulo Lins, autor de Cidade de Deus e de Desde que o Samba é Samba (ed. Caminho), que se sentiu muito bem representado e para quem o discurso do colega mostrou “o Brasil como ele é”. “A gente fica passando essa visão debaixo do pano, ele falou somente a verdade”, disse ao PÚBLICO, surpreendido com a opinião daqueles que consideraram não ser a Feira do Livro de Frankfurt o lugar para se fazer um discurso daquele tipo argumentando que só iria aumentar o estereótipo. “Não seria o lugar?! Mas qual seria o lugar, no congresso nacional brasileiro? Ainda mais tendo os escritores um compromisso com a verdade.” Também o escritor Cristovão Tezza, autor do premiadíssimo O Filho Eterno (ed. Gradiva) disse ao PÚBLICO ter sentido o discurso de Luiz Ruffato como “muito autêntico e verdadeiro”, alegando que não reforçava o cliché.

Luiz Ruffato começou com uma interrogação pertinente: "O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso.” Lembrou o “mito corrente” da chamada “democracia racial brasileira”, de que não houve “dizimação, mas assimilação dos autóctones”. “Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um facto indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas – ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos.” Silêncio na sala.


quem é luiz ruffato?



Luiz Ruffato.
Nascimento 04 de Fevereiro de 1961
Cataguases Minas Gerais
Residência São Paulo, SP
Nacionalidade Brasileiro Brasil
Ocupação Escritor


Principais trabalhos eles eram muitos cavalos; Estive em Lisboa e Lembrei de Você; série Inferno Provisório;
Prémios Casa de las Américas

Troféu APCA

Prêmio Machado de Assis

Luiz Ruffato é um escritor brasileiro. Seu Romance Eles eram muitos cavalos, de 2001, ganhou o Troféu APCA oferecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional. Esse livro o tornou um escritor reconhecido no país. Em 2011 concluiu o projeto Inferno Provisório, composto por cinco livros sobre o operariado brasileiro, com a publicação do romance Domingos Sem Deus.


Nascido em Cataguases, Minas Gerais em 1961, é filho de um pipoqueiro e de uma lavadeira de roupas. Formou-se em tornearia-mecânica pelo Senai e trabalhou como operário da indústria têxtil, pipoqueiro e atendente de armarinho durante a juventude1 . Graduou-se em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora e trabalhou em diversos jornais mineiros até se mudar para São Paulo1990. Na capital paulista trabalhou no Jornal da Tarde2 . Em 2003 abandonou a carreira de jornalista para se tornar escritor em tempo integral.

Obras

Primeiras Obras[

O seu primeiro livro publicado foi Histórias de Remorsos e Rancores (1998), uma coletânea de contos. Nesse livro, os sete contos giram em torno dos mesmos personagens moradores do beco “Zé Pinto” situado em Cataguases, cidade natal do escritor. Os contos não são inter-relacionados, nem possuem ordem cronológica. O fio condutor das historias é o fato de tratarem de pessoas de mesma classe social, pobres, subempregados, ex-prostitutas. Em sua resenha do livro, o jornalista Ivan Ângelo afirma que o autor demonstra “originalidade, ousadia formal, domínio da narrativa e do assunto, criação de uma linguagem que define o lugar e as pessoas”.4

Em 2000 publicou (os sobreviventes), também uma coletânea de contos. O livro recebeu menção especial do Prêmio Casa de las Américas de 2001. O livro é composto por seis contos - “A solução”, “O segredo”, “Carta a uma jovem senhora”, “A expiação”, “Um outro mundo” e “Aquário” - cujos personagens são representantes das classes baixas e médias, pessoas “comuns” do operariado. O cenário dos contos também é Cataguases, são narrativas de pessoas sofridas e sem esperança. A linguagem tenta reconstruir o modo de falar oral, por meio de vocabulário coloquial e de expressões populares.5 .

Eles eram muitos cavalos

O primeiro romance de Luiz Ruffato, eles eram muitos cavalos foi publicado em 2001. Foi vencedor dos prêmios Troféu APCA e Prêmio Machado de Assis de Melhor Romance de 2001. Com uma estrutura não linear é composto por 70 fragmentos. O único elo entre eles é o fato de todas as narrativas ocorrerem em um só dia, o dia 9 de Maio de 2000 na cidade de São Paulo. O título do romance faz uma alusão ao poema de Cecília Meirelles, “Dos Cavalos da Inconfidência”.

O romance veio da ideia de Ruffato de escrever uma espécie de tributo sobre São Paulo, a cidade que o acolheu como a tantos outros brasileiros. A estrutura do livro surgiu da incapacidade de se apreender esta metrópole, devido a sua extrema dinamicidade e multiplicidade. Assim, o autor buscou outras maneiras de expor essa pluralidade no livro, valendo se de registros literários e não-literários como o estilo da publicidade, do teatro, do cinema, da música, da descrição, da narração, da poesia, etc. Ruffato afirma que o livro não é no seu ponto de vista um “romance” tradicional, mas uma espécie de “instalação literária”.6

Inferno Provisório[editar]

Em 2005 iniciou com a obra Mamma, Son Tanto Felice a série Inferno Provisório, com cinco volumes. A série teve sequencia com O Mundo Inimigo, publicada no mesmo ano. Depois vieram Vista Parcial da Noite (2006), O Livro das Impossibilidades (2008) e, finalmente, Domingos sem Deus (2011).

O projeto de Ruffato era o de ficcionalizar a história da classe operária brasileira desde meados do século XX até o início do século XXI. Cada volume trata de um período histórico específico dessa história. Segundo Ruffato em entrevista de 2008:
Mamma, son tanto Felice trata da questão do êxodo rural nas décadas de 50 e 60; O Mundo Inimigo discute a fixação do primeiro proletariado numa pequena cidade industrial (década de 60 e começo da de 70); Vista Parcial da Noite descreve o embate entre os imaginários rural e urbano, nas décadas de 70 e 80. O quarto volume, a ser publicado este ano [2008], O Livro das Impossibilidades, registra as mudanças comportamentais das décadas de 80 e 90. E, finalmente, o quinto e último volume [Domingos Sem Deus] chega até os nossos tempos, começo do séc. XXI.6
O projeto foi concebido, segundo o autor, antes mesmo de publicar os seus dois primeiros livros. O núcleo da série estava nas narrativas de (os sobreviventes) e de Historias de Remorsos e Rancores. As narrativas desses dois livros foram, inclusive, reescritas e reaproveitadas para os três primeiros volumes do projeto6 . Porém, a série só tomaria a forma final após a publicação de Eles eram muitos cavalos. Assim, desde a sua concepção a série levou cerca de 20 anos para ser concluída.7

Outras

Em 2007 foi selecionado para participar do Projeto “Amores Expressos”. O projeto consistiu em apoiar viagens a diferentes cidades do mundo para escritores brasileiros com o objetivo de que estes produzissem romances com a temática do “Amor”8 . Ruffato viajou à Lisboa, Portugal. Em 2009, Ruffato publicou o romance Estive em Lisboa e lembrei de você, resultado da sua participação no projeto. O livro conta a historia de Sérgio, morador de Cataguases que, devido a uma série de infortunios da vida, vê na emigração para Portugal a solução para os seus problemas. Em Lisboa se vê enredado na difícil vida de emigrante.

Ruffato também escreveu livros de poesia com As máscaras singulares (2002) e Paráguas verdes (2011). Também escreveu um ensaio sobre o modernismo em Cataguases (2002). Participou de antologias de contos como o livro Geração 90: Manuscritos de Computador, organizado por Nelson de Oliveira. É também organizador de diversas antologias de contos, como 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (2005) e os contos de Luiz Fernando Emediato (2004).

Lista de Obras

Primeiras Edições no Brasil Historias de Remorsos e Rancores - São Paulo: Boitempo, 1998.
(os sobreviventes) - São Paulo: Boitempo, 2000.
RomanceEles eram muitos cavalos - São Paulo: Boitempo, 2001.
Mamma, son tanto felice (Inferno Provisório: Volume I). Rio de Janeiro: Record, 2005.
O mundo inimigo (Inferno Provisório: Volume II). Rio de Janeiro: Record, 2005.
Vista parcial da noite (Inferno Provisório: Volume III). Rio de Janeiro: Record, 2006.
De mim já nem se lembra. São Paulo: Moderna, 2007.
O livro das impossibilidades (Inferno Provisório: Volume IV). Rio de Janeiro: Record, 2008.
Estive em Lisboa e lembrei de você. São Paulo: Cia das Letras, 2009.
Domingos sem Deus (Inferno Provisório: Volume V). Rio de Janeiro: Record, 2011.
PoesiaAs máscaras singulares - São Paulo: Boitempo, 2002 (poemas)
Paráguas verdes - São Paulo: Ateliê Acaia, 2011.
EnsaioOs ases de Cataguases (uma história dos primórdios do Modernismo) - Cataguases: Fundação Francisca de Souza Peixoto, 2002.
Organização de ColetâneaLeituras de Escritor. Coleção Comboio de Corda - São Paulo: Edições SM, 2008.
Sabe com quem está falando? contos sobre corrupção e poder - Rio de Janeiro: Língua Geral, 2012.
Questão de Pele - Rio de Janeiro: Língua Geral (2009)
RUFFATO, Luiz & RUFFATO, Simone (orgs.). Fora da ordem e do progresso - São Paulo: Geração Editorial, 2004.
Emediato, Luiz Fernando. Trevas no paraíso: histórias de amor e guerra nos anos de chumbo - São Paulo: Geração Editorial, 2004.
25 mulheres que estão fazendo a nova Literatura Brasileira - Rio de Janeiro: Record, 2005.
Mais 30 mulheres que estão fazendo a nova Literatura Brasileira - Rio de Janeiro: Record, 2005.
Tarja preta - Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
Quando fui outro - Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.
Francisco Inácio Peixoto em Prosa e Poesia - Cataguases, Instituto Francisca de Souza Peixoto, 2008.
Contos antológicos de Roniwalter Jatobá - São Paulo: Nova Alexandria, 2009.
Mário de Andrade: seus contos preferidos - Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2011.
A alegria é a prova dos nove - São Paulo: Globo, 2011.
Participações em AntologiasOlívia. In: Marginais do Pomba - Cataguases, Fundação Cultural Francisco Inácio Peixoto, 1985, p. 69-73.
O profundo silêncio das manhãs de domingo. In: Novos contistas mineiros - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1988, p. 83-85.
Lembranças. In: 21 contos pelo telefone - São Paulo, DBA, 2001, p. 73-75.
O ataque. In: OLIVEIRA, Nelson de (org.). Geração 90: manuscritos de computador - São Paulo: Boitempo Editorial, 2001, p. 223-238.
Depoimento. In: MARGATO, Isabel e GOMES, Renato Cordeiro (org.). Espécies de espaço: territorialidades, literatura, mídia - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
O prefeito não gosta que lhe olhem nos olhos. In: PENTEADO, Rodrigo (org.). Corrupção – 18 contos. Transparência Brasil/Ateliê, 2002, p. 71-73.
André (a.C.). In: DENSER, Márcia (org.). Os apóstolos – doze revelações - São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 24-35.
Vertigem. In: GARCIA-ROZA, Lívia (org.). Ficções fraternas - Rio de Janeiro: Record, 2003, p. 71-87.
Paisagem sem história. In: FREIRE, Marcelino; OLIVEIRA, Nelson de (orgs.). PS: SP - São Paulo, Ateliê, 2003, p. 58-63.
Assim. In: FREIRE, Marcelino (org.). Os cem menores contos brasileiros do século - São Paulo, Ateliê, 2004, p. 52.
Paisagem sem história. In: Geração Linguagem - São Paulo, Sesc-SP/Lazuli, 2004, p.67-74.
Kate (Irinéia). Inspiração - São Paulo, F.S Editor, 2004, p. 111-113.
O profundo silêncio das manhãs de domingo. In: RESENDE, Beatriz (org.). A literatura latino-americana do século XXI - Rio de Janeiro, Aeroplano, 2005, p. 56-66.
Sem remédio. In: Tarja preta - Rio de Janeiro, Objetiva, 2005, p. 65-77.
Cicatrizes (uma história de futebol). In: COELHO, Eduardo (org.). Donos da bola - Rio de Janeiro, Língua Geral, 2006, p. 86-96.
Mirim. In: LAJOLO, Marisa (org.). Histórias de quadros e leitores - São Paulo, Moderna, 2006, p. 75-81.
Trens. In: MORAES, Angélica (org.). O trem – crônicas e contos em torno da obra de Thomaz Ianelli - São Paulo, Metalivros, 2006, p. 57-63.
O repositor. In: GONÇALVES, Magaly Trindade; AQUINO, Zélia Thomas; BELLODI, Zina C. (orgs.). Antologia comentada de literatura brasileira – poesia e prosa - Petrópolis, Vozes, 2007, p. 533-534.
Ciranda. In: OLIVEIRA, Nelson de (org.). Cenas da favela – as melhores histórias da periferia brasileira - Rio de Janeiro, Geração Editorial, 2007, p. 118-130.
Paisagem sem história. In: MOREIRA, Moacyr Godoy (org.). Contos de agora – audiobook - São Paulo: Livro Falante, 2007.
COELHO, Eduardo e DEBELLIAN, Marcio (orgs.). Liberdade até agora - São Paulo: Móbile, 2011.

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