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Dias Gomes
Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido como Dias Gomes, (Salvador, 19 de outubro de 1922 — São Paulo, 18 de maio de 1999) foi um dramaturgo e autor de telenovelas brasileiro.
Biografia
Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro, no ano seguinte. Em 1942, sua peça Amanhã Será Outro Dia chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena Segunda Guerra Mundial. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de Pé de Cabra, uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.
Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia. Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx.
Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram Zeca Diabo, João Cambão, Dr. Ninguém, Um Pobre Gênio e Eu Acuso o Céu.
Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio.
Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Janete Emmer Janete Clair. Com ela, teria três filhos: Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes] e Denise Emmer.
De 1944 a 1964, Dia Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal.
Em 1960, Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira, pelo qual se tornaria internacionalmente conhecido: O Pagador de Promessas. Adaptado para o cinema, O Pagador seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes.
Em 1965, Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça O Berço do Herói, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de Roque Santeiro, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a novela - que, diga-se de passagem, viria a se tornar a maior audiência do gênero.
Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra.
Demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão.
De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento.
Em 1972 Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar Bandeira 2 no subúrbio carioca.
Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da TV brasileira, O Bem Amado.
Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com O Espigão.
Em 1976, com Saramandaia, abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura.
O fracasso de Sinal de Alerta, em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.
Ao longo de toda a década de 80, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados O Bem Amado e Carga Pesada (apenas no primeiro ano), e as novelas Roque Santeiro e Mandala, das quais escreveria apenas parte.
Viúvo de Janete Clair, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes (escritora) e Luana Dias Gomes .[3]
Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às minisséries.
Em meio à preparação de mais um trabalho para a televisão, a minissérie Vargas - baseada em sua peça Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória -, Dias Gomes morre num trágico acidente automobilístico, ao sair de um restaurante no centro de São Paulo.
Academia Brasileira de Letras
Dias Gomes ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense Joaquim Serra e o atual ocupante é o escritor Paulo Coelho.
Obras
Teatro
A Comédia dos Moralistas - 1938
Esperidião - 1939
Ludovico - 1940
Amanhã Será Outro Dia - 1941
O Homem Que Não Era Seu - 1942
Pé-de-Cabra - 1942
Zeca Diabo - 1943
João Cambão - 1943
Dr. Ninguém - 1943
Um Pobre Gênio - 1943
Eu Acuso o Céu - 1943
Sinhazinha - 1943
Toque de Recolher - 1943
Beco Sem Saída - 1944
A Dança das Horas (adaptação do romance Quando é Amanhã) - 1949
O Bom Ladrão - 1951
Os Cinco Fugitivos do Juízo Final - 1954
O Pagador de Promessas - 1959
A Invasão - 1960
A Revolução dos Beatos - 1961
O Bem-Amado - 1962
O Berço do Herói - 1963
O Santo Inquérito - 1966
O Túnel - 1968
Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Gloria (com Ferreira Gullar) - 1968
Vamos Soltar os Demônios (Amor Em Campo Minado)- 1969
As Primícias - 1977
Phallus (inédita) - 1978
O Rei de Ramos - 1978
Campeões Do Mundo - 1979
Olho No Olho (inédita) - 1986
Meu Reino Por Um Cavalo - 1988
Roque Santeiro, o musical - 1995
[editar] Literatura
Duas Sombras Apenas - 1945
Um Amor e Sete Pecados - 1946
A Dama da Noite - 1947
Quando é Amanhã - 1948
Sucupira, Ame-a ou Deixe-a - 1982
Odorico na Cabeça - 1983
Derrocada - 1994
Decadência - 1995
[editar] Cinema
O Pagador de Promessas (1960)
O Rei do Rio (adaptação de O Rei de Ramos) (1987)
[editar] Televisão[5]
A Ponte dos Suspiros - 1969
Verão Vermelho - 1970
Assim na Terra como no Céu - 1970/1971
Bandeira 2 - 1971/1972
O Bem Amado - 1973
O Espigão - 1974
Roque Santeiro - 1ª versão censurada - 1975
Saramandaia - 1976
Sinal de Alerta - 1978/1979
Carga Pesada - seriado - supervisão de texto - 1979/1980
O Bem Amado - seriado - 1980/1984
Um Tiro No Coração - minissérie (inédita) - 1982
Roque Santeiro - 1985/1986
Expresso Brasil - seriado - 1987
Mandala - 1987/1988 - até o 35° capítulo
O Pagador de Promessas - minissérie - 1988
Araponga - 1990/1991
As Noivas de Copacabana - minissérie - 1992
Irmãos Coragem - remake - supervisão de texto - 1995
Decadência - minissérie - 1995
O Fim do Mundo - 1996
Dona Flor e Seus Dois Maridos - minissérie - 1998
[editar] Adaptações em outros países
Así en La Tierra Como en el Cielo - Argentina - 1971
Sucupira (O Bem Amado) - TV Nacional do Chile - 1996
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