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ZECA AFONSO FOI UM GÉNIO
DA MÚSICA NO PORTUGAL
PRÉ E REVOLUCIONÁRIO.
MAS ELE FOI MUITO ALÉM
DA CANÇÃO DE INTERVENÇÃO,
ELE PRODUZIU DA MELHOR
MÚSICA E POEMAS DA HISTÓRIA
DA MUSICA EM PORTUGAL.
O NOSSO BLOG PRESTA-LHE
UMA HOMENAGEM AO LEMBRÁ-LO
NA DATA QUE COMEMORA
OS 20 ANOS DO SEU DESAPARECIMENTO
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O cantor José Afonso vai ser alvo esta sexta-feira de diversas homenagens, entre as quais uma realizada pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), no dia em que se assinalam 20 anos sobre a sua morte, refere a Lusa.
A iniciativa da SPA vai juntar o presidente e o vice- presidente da Sociedade, Manuel Freire e José Jorge Letria, respectivamente, e ainda dos músicos José Niza, Francisco Fanhais e Luiz Goes.
A homenagem termina com o cantor Samuel a interpretar músicas do poeta e compositor José Afonso.
«Tributo a José Afonso» é o nome de outra homenagem que vai decorrer no Mercado da Ribeira, também em Lisboa, com a presença dos Cantadores de Rusga, Jorge Jordan, Mingo Rangel, Rogério Charraz e ainda do actor Jorge Castro, que vai fazer a leitura de alguns poemas.
Em Odivelas, a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal bem como a Associação José Afonso organizaram um colóquio onde se vai falar sobre o papel do autor na cultura e na sociedade portuguesa.
Os cantores Vitorino, Janita Salomé e José Carvalho participam num concerto de homenagem a José Afonso no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
Também em Guimarães, os 20 anos sobre a morte do compositor vão ser assinalados com uma exposição «O que faz falta» e uma teatralização da vida e obra do músico.
No Café Central da Guarda será feita a homenagem: «As palavras e a música do poeta de Abril».
No rol das iniciativas consta ainda uma romagem à campa de José Afonso, em Setúbal.
Quinta-feira, os partidos políticos com assento no Parlamento lembraram o músico Zeca Afonso e aprovaram por unanimidade um voto, que considera que o Parlamento não seria «a casa da democracia» sem o contributo do seu som.
No final da leitura do voto pela mesa do Parlamento, os deputados aplaudiram o autor da canção «Grândola, Vila Morena», que foi na madrugada de 25 de Abril de 1974 a senha do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o derrube do regime ditatorial.
O cantor José Afonso, o autor de «Grândola, Vila Morena», senha da revolução de 25 de Abril de 1974, que esteve na base da queda da ditadura, morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987 com 57 anos.
Nascido em Aveiro, a 02 de Agosto de 1929, José Afonso cresceu entre Angola, Moçambique, Belmonte e Coimbra, onde frequentou o Liceu D. João III e a Faculdade de Letras e onde se iniciou também na balada, com o mestre da guitarra Flávio Rodrigues.
Em 1983, foi-lhe diagnosticada a esclerose múltipla, de que viria a falecer, e foi nesse ano que José Afonso realizou os últimos espectáculos ao vivo, nos Coliseus de Lisboa e Porto, sendo então editados «José Afonso Ao Vivo no Coliseu» e «Como Se Fora Seu Filho
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987), mais conhecido por Zeca Afonso, foi um cantor e compositor de música de intervenção português. Escreveu, entre outras coisas, música de crítica à ditadura fascista que vigorou em Portugal desde 1933 até 1974.
Biografia
Foi criado pela tia Gé e pelo tio Xico, numa casa situada no Largo das Cinco Bicas, em Aveiro, até aos 3 anos (1932), altura em que foi viver com os pais e irmãos, que estavam em Angola havia 2 anos.
A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano que se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, os grandes rios atravessados em jangadas, a floresta esconderam-lhe a realidade colonial. Só anos mais tarde saberá o quão amarga é essa sociedade, moldada por influências do "apartheid".
Em 1937, volta para Aveiro onde é recebido por tias do lado materno, mas parte no mesmo ano para Moçambique, onde se reencontra com os pais e irmãos em Lourenço Marques (agora Maputo), com quem viverá pela última vez até 1938, data em que vai viver com o tio Filomeno, em Belmonte.
O tio Filomeno era, na altura, presidente da câmara de Belmonte. Lá, completou a instrução primária e viveu o ambiente mais profundo do Salazarismo, de que seu tio era fervoso admirador. Ele era pro-franquista e pró-hitleriano e levou-o a envergar a farda da Mocidade Portuguesa. "Foi o ano mais desgraçado da minha vida", confidenciou Zeca.
Zeca Afonso vai para Coimbra em 1940 e começa a cantar por volta do quinto ano no Liceu D. João III. Os tradicionalistas reconheciam-no como um bicho que canta bem. Inicia-se em serenatas e canta em «festarolas de aldeia». O fado de Coimbra, lírico e tradicional, era principalmente interpretado por si.
Os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo, inspiraram-lhe para a sua balada «Menino do Bairro Negro». Em 1958, José Afonso grava o seu primeiro disco "Baladas de Coimbra". Grava também, mais tarde, "Os Vampiros" que, juntamente com "Trova do Vento que Passa" (um poema de Manuel Alegre, musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira) se torna um dos símbolos de resistência antifascista da época. Foi neste período (1958-1959) professor de Francês e de História na Escola Comercial e Industrial de Alcobaça.
Em 1964, parte novamente para Moçambique, onde foi professor de Liceu, desenvolvendo uma intensa actividade anticolonialista o que lhe começa a causar problemas com a polícia política pela qual será, mais tarde, detido várias vezes.
Quando regressa a Portugal, é colocado como professor em Setúbal, mas, devido ao seu activismo contra o regime, é expulso do ensino e, para sobreviver, dá explicações e grava o seu primeiro álbum, "Baladas e Canções".
Entre 1967 e 1970, Zeca Afonso torna-se um simbolo da resistência democrática. Mantem contactos com a LUAR e o PCP o que lhe custará várias detenções pela PIDE. Continua a cantar e participa, em 1969, no 1º Encontro da "Chanson Portugaise de Combat", em Paris e grava tambem o LP "Cantares do Andarilho", recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo melhor disco do ano, e o prémio da melhor interpretação. Zeca Afonso passa a ser tratado nos jornais pelo anagrama Esoj Osnofa em virtude de ser alvo de censura.
Em 1971, edita "Cantigas do Maio", no qual surge "Grândola Vila Morena", que será mais tarde imortalizada como um dos símbolos da revolução de Abril. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP "Eu vou ser como a toupeira". Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum "Venham mais cinco".
Após a Revolução dos Cravos continua a cantar, grava o LP "Coro dos tribunais" e participa em numerosos "cantos livres". A sua intrevenção política não pára, tornou-se um admirador do período do PREC e em 1976 apoia Otelo Saraiva de Carvalho na sua candidatura à presidência da república.
Os seus últimos espectáculos decorrem nos Coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, quando Zeca Afonso já se encontrava doente. No final deste ano, é-lhe atribuida a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa (mais tarde, em 1994, é feita nova tentativa a título póstumo, mas a sua mulher recusa, dizendo que, se o marido a não tinha aceitado em vida, não seria depois de morto que a iria receber).
Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, "Galinhas do Mato", em que, devido ao avançado estado da doença, José Afonso não conseque cantar a totalidade das canções. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidaduta de Maria de Lurdes Pintassilgo à presidência da república.
José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Será certamente recordado como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto antifascista para a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas.
Discografia
Balada do Outono (1960, EP)
Baladas de Coimbra (1962, EP)
Ó vila de Olhão (1964, single)
Cantares de José Afonso (1964, EP)
Baladas e canções (1964)
Cantares de andarilho (1968)
Contos velhos rumos novos (1969)
Menina dos olhos tristes (1969, single)
Traz outro amigo também (1970)
Cantigas do Maio (1971)
Eu vou ser como a toupeira (1972)
Venham mais cinco (1973)
Coro dos tribunais (1974)
Viva o poder popular (1974, single)
Grândola, vila morena (1974, EP)
Com as minhas tamanquinhas (1976)
Enquanto há força (1978)
Fura fura (1979)
Ao vivo no Coliseu (1983, álbum duplo)
Como se fora seu filho (1983)
Galinhas do mato (1985)
Um comentário:
Zeca Sempre!
Deixo versão minha no ANACRUSES
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