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Prudente de Morais
3° Presidente do Brasil
Mandato
15 de Novembro de 1894 até
15 de Novembro de 1898
Vice-presidente Manuel Vitorino Pereira
Precedido por Floriano Peixoto
Sucedido por Campos Sales
Prudente José de Morais e Barros[1] (Itu, 4 de outubro de 1841 — Piracicaba, 13 de dezembro de 1902) foi um político brasileiro, primeiro governador do estado de São Paulo (1889-1890), senador, presidente da Assembléia Nacional Constituinte de 1891, terceiro presidente do Brasil e primeiro político civil a assumir este cargo.
Prudente de Morais representava a ascensão da oligarquia cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o poder Legislativo.
Formação e início da carreira
Prudente de Morais nasceu nos arredores de Itu (São Paulo), em 4 de outubro de 1841. Com menos de três anos perdeu o pai, comerciante de animais, assassinado por um escravo. Após o segundo casamento da sua mãe, passou a residir no município, onde concluiu o curso primário. Graduou-se em direito na Faculdade de Direito de São Paulo em 1863 e, no mesmo ano, transferiu-se para Piracicaba, onde exerceu advocacia durante dois anos, e, em 1865, começou sua carreira política.
No Império, pertenceu primeiro ao Partido Liberal, monarquista. Foi eleito vereador, em 1865, presidindo a Câmara Municipal de Piracicaba.
Em 1870, transferiu-se para o Partido Republicano Paulista (PRP), declarando-se republicano, tendência que representou na Assembléia Provincial.
Foi deputado provincial em São Paulo e deputado à Assembléia Geral do Império, defendendo, além da forma republicana de governo, o abolicionismo e o federalismo. Como deputado provincial trabalhou na complexa questão das divisas de São Paulo com Minas Gerais, tema no qual era especialista.
No início da república
Proclamada a república, foi nomeado por Deodoro da Fonseca chefe da junta governativa que governou São Paulo de 16 de novembro a 14 de dezembro de 1889, nomeado em seguida governador, permanecendo no cargo até 18 de outubro de 1890, quando renunciou para assumir uma cadeira no senado.
No governo de São Paulo, reorganizou e modernizou a administração, especialmente o tesouro e o Arquivo do Tesouro, ampliou Força Pública, sendo que a transição para a república em São Paulo, com a nomeação de novos administradores, secretários e intendentes municipais ocorreu em tranquilidade. Reorganizou a Escola Normal, que deu origem ao Colégio Caetano de Campos.
Chegou a ser vice-presidente do Senado, e presidiu a Assembléia Constituinte de 1890-1891. Elaborada a Constituição, disputou com Deodoro da Fonseca a presidência da república, sendo derrotado.
Prudente de Morais (no centro) preside a Constituinte republicana, óleo de Aurélio de Figueiredo (Museu da República, Rio de Janeiro).Após a derrota para Deodoro, eleito indiretamente com 129 votos contra 97, Prudente de Morais presidiu o Senado até o fim do seu mandato.
Na presidência da República
Na disputa pela sucessão de Floriano Peixoto, que chegara à presidência devido ao golpe de 23 de novembro de 1891, candidatou-se pelo Partido Republicano Federal (PRF), fundado pelo paulista Francisco Glicério em 1893. Vence as eleições presidenciais de 1 de março de 1894 e toma posse no dia 15 de novembro daquele ano, tornando-se o primeiro presidente do Brasil a ser eleito pelo voto direto e o primeiro presidente civil do Brasil. Prudente teve 276.583 votos contra 38.291 de seu principal competidor Afonso Pena, em uma eleição que teve mais 29 políticos que foram votados. Seu vice presidente foi o médico Manuel Vitorino Pereira[1] A sua eleição marcou a chegada ao poder da oligarquia cafeeira paulista em substituição aos setores militares.
Os quatro anos de governo de Prudente de Morais foram agitados, tanto por problemas político-partidários (a perda do apoio do Partido Republicano Federal) como pela oposição dos setores florianistas e pela continuação, no Rio Grande do Sul, da Revolta Federalista (1893-1895).
Prudente de Morais dedicou todos os seus esforços à pacificação das facções, que tinham em seus extremos os defensores do governo forte de Floriano e os partidários da monarquia. Durante seu governo, abandonou uma a uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa cautela de Prudente foi necessária, já que os florianistas ainda tinham uma certa força, principalmente no Exército. Além disso, o vice-presidente estava ligado às idéias de Floriano. Prudente de Morais imprime uma direção ao governo que atende mais aos cafeicultores e afasta os militares da política.
Caricatura de Prudente de Morais ilustrando um presidente sempre em apuros, com o mandato pendendo por um fio.No início do seu governo consegue pacificar a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, assinando a paz com os rebeldes, que receberam anistia.
Em 1896, enfrentou a questão diplomática envolvendo os ingleses, que acharam por bem tomar posse da Ilha da Trindade em 1895, e a revolta da Escola Militar. Fez então valer sua autoridade: fechou a escola e o clube militar. A questão diplomática foi resolvida favoravelmente ao Brasil.
Prudente de Morais restabeleceu as relações com Portugal e assinou o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Japão, em novembro de 1895, com o objetivo de incitar a vinda de imigrantes japoneses.
Mas pouco tempo depois enfrentaria um movimento rebelde ainda maior: a Guerra de Canudos, no sertão baiano.
Obrigado a submeter-se a uma cirurgia, se afastou do poder entre 10 de novembro de 1896 e 4 de março de 1897, passando o cargo ao vice-presidente, o médico Manuel Vitorino Pereira. Nesta interinidade, Manuel Vitorino transferiu a sede do governo do Palácio Itamaraty para o Palácio do Catete.
Com a vitória dos amotinados de Antônio Conselheiro sobre várias expedições militares, a situação voltou a deteriorar-se. Prudente interrompeu então a convalescença e nomeou ministro da Guerra o general Carlos Machado Bittencourt, que liderou nova expedição e derrotou os rebeldes.
As divergências internas no PRF e a Guerra de Canudos desgastam o governo. Mesmo com a vitória das tropas do governo na guerra, os ânimos não se acalmam. Em 5 de novembro de 1897, durante uma cerimônia militar, sofreu um atentado contra a sua vida; escapou ileso, mas o seu ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, faleceu defendendo a vida de Prudente. O presidente decretou, então, estado de sítio, para o Distrito Federal (Rio de Janeiro e Niterói) conseguindo assim livrar-se dos oposicionistas mais incômodos.
As dificuldades econômico-financeiras, herdadas da crise do encilhamento, acentuaram-se em sua administração, sobretudo devido aos gastos militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros.
Com a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro anos seguintes.
No plano da política externa, resolveu, favoravelmente, para o Brasil a questão de limites com a Argentina, arbitrada pelo presidente norte-americano Grover Cleveland e na qual se destacou o representante brasileiro, o Barão do Rio Branco.
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