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quarta-feira, outubro 07, 2009

a 7 de Outubro de 1934, deu-se a REVOADA DAS GALINHAS VERDES

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OU A BATALHA DA PRAÇA
DA SÉ,EM SÃO PAULO

Revoada dos galinhas-verdes

OS INTEGRALISTAS "GALINHAS VERDES"

Revoada dos galinhas-verdes foi o nome pelo qual ficou conhecido o confronto armado que teve lugar na Praça da Sé, em São Paulo, em 7 de Outubro de 1934. Nesse confronto anarquistas, comunistas, sindicalistas e trotsquistas, organizados na Frente Única Antifascista, se posicionaram contra a realização da marcha dos cinco mil organizada pela Ação Integralista, organização que congregava correntes nacionalistas e fascistas, dirigida por Plínio Salgado.

Também conhecida como Batalha da praça da Sé, nesse confronto armado morreram pelo menos seis guardas civis, o militante da juventude comunista, Décio Pinto de Oliveira, estudante da Faculdade de Direito de São Paulo, Largo de São Francisco. Décio foi alvejado na cabeça enquanto discursava. Ele passou a ser o símbolo do movimento antifascista brasileiro daqueles anos. Também ferido foi o então jornalista Mário Pedrosa, enquanto ajudava um militante comunista também atingido. Pelo lado dos integralistas, morreram dois operários que integravam o movimento.

A nomenclatura "Revoada dos galinhas-verdes" se deve ao seu desfecho onde integralistas, que usavam camisas verdes, correram amedrontados para todos os lados, deixando ao chão suas camisas. Este ato foi um grande responsável pela desarticulação da Ação Integralista Brasileira, que a partir deste espisódio começou a perder força em todo país, culminado com seu fechamento após a decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas.

Testemunhos
Lélia Abramo, atriz e militante comunista italo-brasileira que participou de momentos importantes da vida politica do Brasil como a fundação do PT e as lutas das Diretas Já, relata a sua versão do acontecimento: "Enfrentamos, com armas nas mãos ou sem elas, a organização fascista integralista, comandada por Plínio Salgado. Os integralistas estavam todos fardados, bem armados, enquadrados e prontos para uma demonstração de força, protegidos pelas instituições político-militares getulistas e dispostos a tomar o poder. Nós, espalhados ao longo da praça e nas ruas adjacentes, esperamos pacientemente que desfilassem primeiro as crianças, também fardadas, e as mulheres integralistas. Depois disso, quando os asseclas de Plínio iniciaram seu desfile, nós todos avançamos e começou a luta aberta. (pg. 54)"

Miguel Reale professor doutor em direito, jurista e escritor brasileiro, autor da Teoria Tridimensional do Direito, um dos responsáveis pela elaboração do Código Civil Brasileiro de 2002, que na sua juventude participou da Ação Integralista Brasileira escreveu, em um artigo, no ano de 2004, a sua versão sobre o acontecimento. Infelizmente, quando se trata de um movimento político da chamada “Direita”, há tendência no sentido de denegri-la, enquanto que à “Esquerda” tudo se perdoa, esquecendo-se os genocídios perpetrados por Stalin, e os atos violentos dos brasileiros que, sob a bandeira comunista de Luis Carlos Prestes, tentaram ganhar o poder, como o fizeram em 1934, na praça da Sé, quando, do alto do antigo Edifício Santa Helena fuzilaram a milícia integralista que, desarmada, vestia pela primeira vez a camisa verde, com a morte de dois operários. Sobre esses homicídios nem sequer foi instaurado inquérito policial. Artigo de 28/08/2004, Integralismo Revisitado.

Goffredo da Silva Telles Júnior, professor de Direito do Largo São Francisco, um dos autores da Carta Aos Brasileiros durante o regime militar, que em sua juventude participou da Ação Integralista Brasileira, em entrevista concedida à Eugênio Bucci, da revista Teoria e Debate, em 1990, também relatou a sua versão sobre o acontecimento: (...)não houve enfrentamento nenhum. O que houve foi uma repressão policial a uma manifestação de operários e estudantes. Foi uma tristeza. Operários morreram. Uma bala da polícia atingiu Mário Pedrosa (...) assisti a tudo. Eu era um estudante da Faculdade de Direito. Tinha dezenove anos de idade nessa ocasião (...) A manifestação era de operários e estudantes. Naquele tempo, ninguém andava armado (...) Página pessoal do Prof. Goffredo Telles Junior.

A atuação da Frente Única anti-fascista na manifestação
A mídia independente registra sua versão dos fatos: (...) Os antifascistas sabendo do comício Integralista, marcaram um contra comício ou contra manifestação para o mesmo dia e local (...) Os grupos antifascistas se distribuíram nas intermediações da Praça da Sé, os principais pontos eram o Largo João Meneses, o pátio do convento do Carmo, no início da Avenida Rangel Pestana, o largo de são Bento e a Praça Ramos de Azevedo; calculam que os Camisas Verdes deviam ser mais de três ou quatro mil, assim como era grande o contingente de integralistas que desembarcavam de trem vindos de cidades do interior como: Bauru, Jaú, Sorocaba, Campinas, Santos e outras.

A Praça da Sé contava com 400 homens dos bombeiros e da cavalaria da polícia, havia também a guarda civil armada, logo as ruas que davam acesso à Praça da Sé estavam policiadas (...) Iniciam sua manifestação enviando inicialmente moças e crianças uniformizadas com bandeiras com o sigma e se dirigem para as escadas da Catedral da Sé, onde já se encontram alguns integralistas. São recebidos com gritos e vaias (...) Alguns integralistas buscam reagir, e começa um princípio de tumulto com alguns tapas e safanões, logo acontecem alguns tiros sem que saiba de onde vem. Cerca de dez minutos depois o grosso das formações integralistas entram na praça ao som de seu hino oficial e dando anauês (saudação integralista tal qual Heil Hitler).

Uma rajada de tiros é disparada acertando em cheio a três guardas civis, há versões de que esse disparo fora intencional ou acidental, para os antifascistas e para a população presente, que não sabiam da acidentalidade ou não dos disparos, seus autores eram os integralistas. (...) Após 10 ou 15 minutos dessa confusão, os integralistas refeitos do pânico dos disparos começam a lotar as escadarias da catedral, esse foi o inicio da contra-manifestação, algumas breves palavras foram pronunciadas contra a manifestação: "Companheiros antifascistas, viemos a praça para não permitir que o fascismo tome conte da rua e dos nossos destinos... logo após esse pronunciamento começou um intenso tiroteio, por todos os lados. (...) Nos dias seguintes são recolhidas camisas verdes abandonadas.

[editar] União de várias correntes do movimento operário contra o integralismo
Um dos líderes do movimento foi o histórico militante anarquista Edgard Leuenroth, que protestava em meio ao tiroteio. Como afirmou Eduardo Maffei: "Nesse momento estavam de mãos dadas, trabalhadores, intelectuais e estudantes, stalinistas, anarquistas e trotskistas".

Outro participante desta manifestação foi o militante libertário Jaime Cubero que assim descreve sua visão deste enfrentamento:


Quando os fascistas chegaram, todos de camisas verdes (na Itália eram os camisas pretas), começaram a concentrar-se esperando 500 mil pessoas que não chegaram a tantas, colocando na frente da marcha mulheres e crianças por pensarem que ninguém dispararia contra mulheres e crianças. Os anarquistas esperaram que mulheres e crianças passassem e depois… (...) um dos companheiros - Simão Rodovich havia percebido metralhadoras que estavam prontas a disparar sobre os operários, ele toma conta de uma delas e começa então um tiroteio enorme. Morreram 6 pessoas, muitas delas ficaram feridas e algumas morrendo depois devido aos ferimentos, mas o que é de salientar é que houve uma debandada enorme, a passeata dos fascistas abortou. Isto para demonstrar que o movimento anarquista não morreu, a manifestação de 1934 demonstra que ele estava bem vivo".

Cubero também descreve sua visão da composição da manifestação.
Havia uma revista do Partido Comunista da época, "Divulgação Marxista", que era suspeita quando dava dados. O Partido Comunista não chegava na altura a ter 1000 filiados no partido, contudo chegaram quase a dizer que tinham sido eles a enfrentar os integralistas. Irônico não é? Em contrapartida a Federação Operária de São Paulo (organização eminentemente anarcossindicalista) tinha mais de 80 sindicatos que não pertenciam ao Estado.

Sobre o enfrentamento armado, Augusto Buonicore conta que
Um grupo de choque integralista, com apoio da polícia, sustentou cerca de quatro horas de pesado tiroteio. Entre os militantes que resistiam de armas nas mãos as jovens Lélia Abramo trotskista e a militante comunista Luisa Marcelino Branco. Entretanto a própria Lélia, em suas memórias, afirma não ter portado armas naquele ato

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