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quinta-feira, fevereiro 16, 2006

CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

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O CHICO BUARQUE DE HOLANDA É UM ÍCONE DA MUSICA
POPULAR DO BRASIL E DA LINGUA PORTUGUESA.
A QUALIDADE DOS SEUS POEMAS E A SUA ENORME
LUCIDES SOCIAL ERGUEM-NO AO PEDESTAL DOS
MELHORES.
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Ele já foi considerado 'unanimidade nacional', chamado de 'alienado' pelos tropicalistas e invocado como 'a voz dos exilados brasileiros'. Hoje, é 'apenas' uma referência obrigatória em qualquer citação à música brasileira a partir dos anos 60 e foi eleito recentemente o músico brasileiro do século. Esse é um mero resumo do papel de destaque na música nacional exercido por Francisco Buarque de Hollanda, ou melhor, Chico Buarque. Nos últimos quarenta anos, não há como separar a influência poética, harmônica e melódica de suas composições do amadurecimento da MPB. Chico também fica marcado na música brasileira como o homem que melhor conseguiu compor como mulher. 'Mulheres de Atenas' é uma das pérolas de seu lirismo feminino.

Chico Buarque, atualmente, não é só o compositor de Construção ou o intérprete de A Banda. Ele conseguiu ampliar suas investidas e produzir trabalhos de muita profundidade como poeta e escritor.

Em comemoração aos seus 60 anos, a BMG lança a caixa Francisco, com doze CDs e dois DVDs, reunindo todos os discos de Chico lançados pela gravadora desde que ele passou a fazer parte de seu cast, em 1987.

Berço de ouro

Chico nasceu no dia 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Foi o quarto de sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim. Com dois anos de idade, mudou-se com a família para São Paulo, onde o pai assumiria a direção do Museu do Ipiranga.

A infância de Chico Buarque ainda seria completada em Roma, para onde foi aos nove anos de idade, quando o pai fora convidado a dar aulas na Universidade de Roma. Na Itália, Chico tornou-se trilingüe, uma vez que estudava em escola americana, conversava com os colegas em italiano e, em casa, falava o português. É no país, também, que começou a escrever suas primeiras 'marchinhas de carnaval'.

A formação cultural do pequeno Chico seria composta, ainda, pelas constantes visitas de figuras importantes do cenário artístico brasileiro, como Vinicius de Moraes, Baden Powell e Oscar Castro Neves, por intermédio de seu pai ou pela amizade à sua irmã mais velha Miúcha.

A volta ao Brasil - a música delineia-se em sua vida


No meio dos anos 50, Sérgio Buarque de Hollanda volta com a família para o Brasil. Chico começa a dar seus primeiros passos no mundo da música, escrevendo pequenas 'operetas', as quais cantava com suas irmãs mais novas Ana, Cristina e Pii.

Os sambas tradicionais de Noel Rosa, Ismael Silva e Ataulfo Alves eram os preferidos do jovem Chico, junto com as canções estrangeiras, que faziam sucesso na época, de artistas como Elvis Presley e The Platters. Mas, sua relação com a música foi definitivamente influenciada por João Gilberto e seu disco Chega de Saudade. Chico dizia que seu sonho 'era cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinicius de Moraes'. Mal sabia o garoto que, algumas décadas depois, ele desbancaria esses grandes nomes e seria considerado o músico do século no Brasil.

Ainda sem se decidir pela música, Chico ingressou em 1963 na FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Mas, sua turma gostava era mesmo de um bom samba e cachaça e, no terceiro ano do curso, Chico abandonou a faculdade.

Em 1964 aconteceria a estréia de Chico na música, cantando 'Canção dos Olhos' em uma apresentação no Colégio Santa Cruz. O ano seguinte delimitaria, definitivamente, a incursão de Chico Buarque no cenário musical do país com seu primeiro compacto - com a música 'Pedro Pedreiro' - e com o convite de Roberto Freire, diretor do TUCA, para musicar o poema 'Morte e Vida Severina', de João Cabral de Mello Neto. Esse foi um sucesso e, durante excursão pela Europa, a peça conquistou o festival de teatro universitário de Nancy, na França.

Os festivais de música que aconteciam nos anos 60 eram a mostra do turbilhão criativo intelectual e artístico pelo qual o país passava. Os compositores escreviam e interpretavam suas músicas fervorosamente. Chico tornava-se uma celebridade no país com várias de suas músicas inscritas nos festivais. 'A Banda', por exemplo, foi uma das vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e propiciou o reconhecimento de Chico em várias partes do Brasil e até mesmo do exterior. Carlos Drummond de Andrade chegou a se referir ä música como a marchinha, 'tão antiga em sua tradição lírica', que trazia ao país o amor de que ele precisava. Foi a glória para Chico: com apenas 23 anos, ele conquistava um público diversificado, tinha depoimentos gravados no Museu da Imagem e do Som e, segundo Millôr Fernandes, tornara-se a única 'unanimidade nacional'

Enquanto o cenário cultural se voltava para um momento de grande criatividade e qualidade, o país sofria o endurecimento da ditadura. Às vésperas do AI-5, que instauraria de vez um duro regime militar, os envolvidos na produção cultural eram 'obrigados' a tomar posições. Enquanto de um lado o tropicalismo propunha um rompimento estético com o belo e uma absorção do que também era considerado feio, a música de Chico tendia para o que ainda era bonito. Mesmo suas composições mais nostálgicas declamavam uma alegria contagiante.

Chico começou a ser criticado como 'alienado'. Sua música 'Bom Tempo' foi vaiada, pois não era possível falar em dias claros enquanto o céu brasileiro escurecia com a mancha da ditadura. 'Sabiá', uma parceria de Chico e Tom Jobim, recebeu a maior vaia da história dos festivais em 1968 e, mesmo assim, foi escolhida vencedora, desbancando o hino da oposição 'Pra Não Dizer que Não Falei das Flores', de Geraldo Vandré. Mas, a premonitória 'Sabiá' teria seu valor reconhecido tempos depois, quando se tornou um hino dos exilados brasileiros pela ditadura.

Cercado pela ditadura

Chico Buarque promoveu um auto-exílio em Roma, onde a gravadora tinha um plano de divulgação de seu trabalho pela Europa. Lançou dois discos fora do Brasil, que não obtiveram sucesso. Em 1970, voltou ao país e lançou seu quarto LP, marcado por um amadurecimento de seu trabalho. Chico deixou de lado o lirismo nostálgico e descompromissado que antes o identificava, e suas letras passaram a transmitir um protesto político mais duro ao regime ditatorial em que o Brasil estava imerso. 'Apesar de você' registra essa nova fase do compositor. 'Apesar de você/Amanhã a de ser outro dia' dizia a canção em uma referência implícita ao general Emílio Garrastazu Médici, então presidente da República, cujo governo foi marcado pelas mais atrozes barbaridades cometidas contra os opositores do regime.

Muitas músicas de Chico começaram a ser barradas pela censura. Como forma de burlá-la, o compositor decidiu criar um personagem heterônimo chamado Julinho de Adelaide, fazendo com que suas canções passassem com maior facilidade pelos censores. A estratégia surtiu efeito e músicas como 'Acorda, amor' e 'Milagre brasileiro' passaram sem maiores problemas. Entretanto, uma reportagem publicada em 1975 pelo Jornal do Brasil desmascarou o verdadeiro Julinho de Adelaide.

Por outros mares



Chico Buarque procurou outras formas de artes pelas quais pudesse se expressar. Chegou a atuar no filme Quando o Carnaval Chegar (1972), de Cacá Diegues, produzir a trilha sonora de Vai Trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana e escrever o roteiro e as músicas da peça 'Calabar', com Ruy Guerra.

Em 1978, Chico conquistou o Prêmio Molière como melhor autor teatral do ano com a peça 'A Ópera do Malandro', com texto e música escritos por ele. Chico também ingressou no campo da Literatura com obras como a novela 'Fazenda Modelo', em 1974, e 'Estorvou', em 1991.

Os anos noventa se anunciaram como um divisor de águas para parte daqueles que fizeram a MPB dos anos 60 e 70. Chico, Caetano e Gil foram segmentados e o popular perdeu a dimensão desses artistas, fazendo com que suas músicas ficassem voltadas para uma pequena parcela da população brasileira de classe média.



CURIOSIDADES
Chico é apaixonado por futebol e torce freneticamente para o Fluminense. Entretanto, seu ídolo no esporte vestia a camisa alvinegra do Santos: o número 9 Paulo César de Araújo, o Pagão. Até hoje, quando joga pelo seu time Politheama, Chico veste a camisa nove em homenagem ao jogador.

Quando jovem, Chico gostava de ler os clássicos da literatura francesa, alemã e russa e só se interessou pela literatura nacional quando um colega de escola o criticou por ler apenas livros estrangeiros.

Chico Buarque envolveu-se com um grupo ultraconservador da igreja chamado 'Ultramontanos'.

Chico foi casado com a atriz Marieta Severo com quem teve três filhas: Sílvia, Helena e Luiza. Em 1997, após trina anos de união e boatos de casos extraconjugais de Chico, o casal se separou



Construção
Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

-AC-



OBRA DE CHICO

Discografia

1966

Chico Buarque de Hollanda
Morte e Vida Severina
1967

Chico Buarque de Hollanda - vol.2
1968

Chico Buarque de Hollanda - vol.3
Chico Buarque de Hollanda – compacto
1969

Umas e outras - compacto
Chico Buarque de Hollanda - compacto
Chico Buarque na Itália
1970

Apesar de você - compacto
Per un pugno di samba
Chico Buarque de Hollanda - vol.4
1971

Construção
1972

Quando o carnaval chegar
Caetano e Chico juntos e ao vivo
1973

Chico canta
1974

Sinal fechado
1975

Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo
1976

Meus caros amigos
1977

Cio da Terra compacto
Os saltimbancos
Gota d'água
1978

Chico Buarque
1979

Ópera do Mallandro
1980

Vida
Show 1º de Maio compacto
1981

Almanaque
Saltimbancos trapalhões
1982

Chico Buarque en espanhol
1983

Para viver um grande amor
O grande circo místico
1984

Chico Buarque
1985

O Corsário do rei
Ópera do malandro
Malandro
1986

Melhores momentos de Chico & Caetano
1987

Francisco
1988

Dança da meia-lua
1989

Chico Buarque
1990

Chico Buarque ao vivo Paris Le Zenith
1993

Paratodos
1995

Uma palavra
1997

Terra
1998

As cidades
1999

Chico ao Vivo
2001

Chico e as cidades (DVD)
Cambaio
2002

Chico Buarque – Duetos
2003

Chico ou o país da delicadeza perdida (DVD)
2005

DVD especial - ainda não lançado
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Obra teatral
Em 1965, a pedido de Roberto Freire - diretor do TUCA, Teatro da Universidade Católica de São Paulo - Chico musicou o poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, para a montagem da peça. Desde então, sua presença no teatro brasileiro tem sido constante.




Roda viva
A peça Roda viva foi escrita por Chico Buaque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra a ditadura durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo (de cerca de 110 pessoas) do Comando de Caça aos Comunistas - CCC - invadiu o teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na platéia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros.




Calabar
Calabar foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa. Era uma das mais caras produções teatrais da época, custou cerca de 30 mil dólares e empregava mais de 80 pessoas. Como sempre, a censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome Calabar e, como se não bastasse, ainda proibiu que a proibição fosse divulgada. O prejuízo para os autores e para o ator Fernando Torres, produtores da montagem, foi enorme. Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.




Gota d'água
Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota d'água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação de Medéia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto.




Ópera do malandro
"O texto da Ópera do malandro é baseado na Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo, Rita Murtinho e Carlos Gregório. A equipe também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito nos valeram os filmes Ópera de três vinténs, de Pabst, e Getúlio Vargas, de Ana Carolina, os estudos de Bernard Dort O teatro e sua realidade, as memórias de Madame Satã, bem como a amizade e o testemunho de Grande Otelo. Contamos ainda com o prof. Manuel Maurício de Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que se passam as três óperas. O professor Werneck Vianna contribuiu posteriormente com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao nosso grupo, já na fase de transposição do texto para o palco. Agradecemos ao dr. João Carlos Muller pelo empenho com que lutou, junto à Censura Federal, pela liberação da peça (com cortes). No mesmo sentido somos gratos aos srs. Luís Macedo e Humberto Barreto. Finalmente, cabe um abraço ao elenco da Ópera do malandro que compreendeu o nosso processo de criação e a ele se incorporou. Está peça é dedicada à lembrança de Paulo Pontes."

Chico Buarque Rio de Janeiro, junho de 1978,

Obra literária
O primeiro livro de Chico Buarque, publicado em 1966, trazia os manuscritos das primeiras composições e o conto Ulisses, e ainda uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A Banda. Em 1974, escreve a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças. À bordo do Rui Barbosa foi escrito em 1963 ou 1964 e publicado em 1981. Em 1991, publica o romance Estorvo e, quatro anos depois, escreve o livro Benjamim. Por fim (em 2003), o romance Budapeste é e ganha o Prêmio Jabuti em 2004.

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