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domingo, julho 05, 2009

Poetas brasileiros - MÁRIO QUINTANA

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Mário Quintana

Mário de Miranda Quintana[1] (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Biografia
Era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana. Fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou na Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em busca do tempo perdido de Marcel Proust, Mrs. Dalloway de Virginia Woolf, e Palavras e sangue, de Giovanni Papini.

Em 1953 trabalhou no jornal Correio do Povo (Porto Alegre). Trabalhava como colunista da página de cultura, que saía no dia de sábado, e em 1977 saiu do jornal.

Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, A rua dos cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi publicada a sua Antologia poética, com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus 60 anos, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

Viveu grande parte da vida em hotéis, sendo o último deles o Hotel Majestic, no centro velho de Porto Alegre, que foi tombado e transformado em centro cultural e batizado como Casa de Cultura Mario Quintana, em sua homenagem, ainda em vida. Em seus últimos anos de vida, era comumente visto caminhando nas redondezas.

Segundo o próprio poeta, em entrevista a Edla van Steen em 1979, seu nome foi registrado sem acento. Assim ele o usou por toda a vida.

Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.

Características da obra
É possível notar na obra do poeta uma forte influência de textos bíblicos, tais como o livro de Provérbios. Pode-se dizer que muitas das composições do poeta assemelham-se ao provérbio ou à máxima, em que se intui exprimir uma moral por meio da reflexão. O livro "Espelho Mágico", dedicado a Monteiro Lobato, é iniciado com a citação de um provérbio, o que na verdade já denota a natureza do livro, o qual se pode definir como provérbios escritos em verso, mais especificamente em quartetos.

Em síntese, além de grande poeta, apreciador das coisas aparentemente irrelevantes da vida, Mário Quintana é um pensador, e sua filosofia se manifesta no verso. Em outros momentos, nota-se que sua poesia se inscreve no prosaico, como em "Sapato florido". O que é sempre perceptível nas obras de Quintana é sua maneira sutil e poética de falar de algo, seja da cidade ("A Rua dos Cataventos"), das pessoas, da alma humana ("Sapato Florido"), de si, ou do amor.

Relações com a ABL
O poeta tentou por três vezes uma vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou[1].

Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.

POEMA DE MÁRIO QUINTANA

“Canção Para Uma Valsa Lenta”

Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…
Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.
Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!
Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!



Obras

Monumento a Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre.Obra poética
A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
Sapato florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
O aprendiz de feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
Espelho mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
Inéditos e esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
Apontamentos de história sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
A vaca e o hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
Esconderijos do tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
Baú de espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
Preparativos de viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
Da preguiça como método de trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
Porta giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
A cor do invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
Velório sem defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001
Livros infantis
O batalhão das letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
Pé de pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
Lili inventa o mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
Nariz de vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
O sapo amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
Sapato furado - São Paulo, FTD Editora, 1994

Antologias

Antologia poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
Prosa & verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
Na volta da esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
Objetos perdidos y otros poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
Nova antologia poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
Literatura comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
Os melhores poemas de Mário Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
Primavera cruza o rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
80 anos de poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
Trinta poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
Ora bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
Antologia poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
Mario Quintana, poesia completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005

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