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segunda-feira, janeiro 09, 2006

RUY BARBOSA

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Ruy Barbosa de Oliveira


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Ruy Barbosa de Oliveira (Salvador, BA, 5 de novembro de 1849 - Petrópolis, RJ, 1º de março de 1923), jurista, político, diplomata, escritor, filólogo e orador brasileiro.

Nasceu em 1849, à rua dos Capitães, hoje Ruy Barbosa, freguesia da Sé, na Cidade do Salvador, Bahia. Aos 5 anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade, é o maior talento que eu já vi. (...) Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares." Em 1861, aos 11 anos, quando estudava no Ginásio Bahiano, de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo."

Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia. Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. Em 65, vai para Faculdade de Direito de Olinda. Em 1867, adoece de incômodo cerebral.

Em 1868, abriga Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em sua casa, por alguns dias, por razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Profere famoso discurso saudando José Bonifácio, o moço. Em 1870, torna-se bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo e retorna à Bahia, acometido, novamente, de incômodo cerebral.

Em 1871, começa a advogar e estréia no júri. Eis seu testemunho: "Minha estréia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão." Em 1872 vem o jornalismo no Diário da Bahia e a primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe.

Em 1873 assume a direção do Diário da Bahia e faz conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele." Em 1876, casamento com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira.

Em 1877, eleito deputado à Assembléia da Bahia. Em 1878, eleito deputado à Assembléia da Corte. Em 1881 faz a Reforma Geral do Ensino. Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreve: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa." Dia 31 de Abril de 1888, 2 semanas antes da aboliçao, ele vaticina: "A grande transformação aproxima-se de seu termo." 7 de Março de 1889, Joaquim Nabuco diz: "Evaristo na imprensa fez a Regência, e, Ruy fará a República".

9 de junho de 89, recusa o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um ministério que não tome por primeira reforma a federação." 9 de Novembro de 89, Benjamin Constant escreve a Ruy: " Seu artigo de hoje, "Plano contra a Pátria", fez a República, e me convenceu da necessidade imediata da revolução." 15 de Novembro de 89, Ruy redige o primeiro decreto do governo provisório e é nomeado Ministro da Fazenda.

Em 1890, D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa." Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de Constituição em sua casa.

Em 1891, é nomeado Primeiro Vice-Chefe do Governo Provisório. Em 1892, abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República" 23 de Abril, sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas-corpus dos desterrados de Cucui. 7 de Fevereiro de 1893, volta à Bahia para um encontro consagratório com Manuel Vitorino, onde diz de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia" Setembro de 93, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.

1894, Ruy vai para Londres. 7 de janeiro de 1895, "Cartas da Inglaterra" para o "Jornal do Commercio". 1896, textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre (...)"

1897, recusa convite para Ministro Plenipotenciário do Brasil na questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, vice-presidente. Escreve criticando a intervenção militar em Canudos, sertão da Bahia. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Joaquim Nabuco escreve sobre ele, no livro "Minha Formação": "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país"

3 de Abril 1902, parecer-critico ao Projeto do Código Civil. 31 de Dezembro, lança a Réplica às observações feitas por Ernesto Carneiro Ribeiro (filólogo, seu antigo mestre na Bahia). A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.

1905, primeira candidatura à presidência, levantada pela Bahia. Recusa em favor de Afonso Pena. Junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia. Foi sua consagração mundial. Sobre isso escreveu W. Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o barão de Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil...Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o barão de Marschall".

21 de Outubro de 1908: Discurso em francês na ABL, em recepção a Anatole France. 1909-1910: Campanha Civilista. 1911: Diário de Notícias (2ª fase) Junho de 1913: Candidatura à Presidência, pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro: "A maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira." Dezembro: "Manifesto à Nação" renunciando à candidatura. 9 de Julho de 1916: Centenário de Tucuman. Conferência na Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de Julho, sobre o "Dever dos Neutros" diante da Grande Guerra. Victorino de La Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Snr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil." 1917: Conferência sobre a Guerra: "ou o gênero humano há de exterminá-la ou ela exterminará o gênero humano".

1918: Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, lhe entrega as insignias de Grande Oficial da Legião de Honra. Recusa convite de Rodrigues Alves para ser Chefe da Delegação Brasileira ao Congresso da Paz, em Paris. 1919: Candidatura à Presidência, e, como as anteriores, contra a sua vontade. Conferências pelo sertão da Bahia. Recusa o convite de Epitácio Pessoa para representar o Brasil na Liga das Nações.

1920: Dada a intervenção de Epitácio na Bahia, reitera a recusa de representar o Brasil na Liga das Nações. 1921: De "coração enjoado da política"renuncia à cadeira de Senador. Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo. A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", o reelege senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal". Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia.

Projeto de Felix Pacheco, no Senado, para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro. Ruy recusa e diz: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".

Julho de 1922, edema pulnonar, iminência de morte. Fevereiro de 1923, paralisia bulbar. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer" 1º de Março de 1923, falece em Petrópolis, à tarde. Últimas palavras: "Deus tende compaixão de meus padecimentos".

Logo após dua morte, o jurista baiano João Mangabeira, seu discípulo, fez o discurso em sua homenagem e memória. A 5 de novembro de 1924, Otávio Mangabeira, lembrando a data de seu nascimento fez o seguinte discurso: "Na data de hoje, Sr. Presidente, na Capital da Bahia,(...) nasceu Ruy Barbosa. (...)Recordando a figura do grande evangelista que com a pena e com a tribuna, irradiando e bramindo, nas vanguardas, a peito aberto, no alto jornalismo de combate, nos comícios populares, nas casas do Parlamento, nos pretórios; nas assembléias internacionais, em toda a parte "primus inter pares" a eloqüência, de mãos dadas com a bravura, robustecida pela abnegação e animada pela fé, não precisou de outras armas, para servir, por mais de meio século construindo, deslumbrando, (...) dominando as opiniões que dirigia, às Letras, ao Direito, à Liberdade.

Enriqueceu a língua portuguesa, pela palavra falada e pela escrita, com as mais belas obras de arte. Em Haia e em Buenos Aires, para um auditório que era a humanidade, falou, por idiomas estrangeiros, em alocuções imortais que comoveram o Universo, a linguagem das mais lídimas aspirações humanas. Nunca fraqueou ante a injustiça, ante a ingratidão, ante os revezes. Nunca se acobardou ante o perigo. (Aplausos.)

(...)Construtor, por excelência, da República, foi principalmente na República, franzino e débil no corpo, quão rijo, e forte, e valoroso no espírito, a ponta de platina, impávido a receber e a desviar(...) a eletricidade das tormentas."

Ruy fez seu testamento político na fórmula de um epitáfio, que ele mesmo escreveu para sua pedra funerária: - "Estremeceu a Justiça; viveu no Trabalho; e não perdeu o Ideal" Continua Mangabeira: "Feliz do povo que estremecer a justiça! Feliz do povo que viver no trabalho! Sobretudo, Sr. Presidente, feliz do povo que não perder o ideal.

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