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domingo, outubro 05, 2008

a 5 de OUTUBRO DE 1910, deu-se a REVOLUÇÃO REPUBLICANA, em PORTUGAL

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O 5 DE OUTUBRO DE 1910
MARCA O FIM DA MONARQUIA
EM PORTUGAL E O INICIO
DO REGIME REPUBLICANO

NA PRAÇA DO MUNICIPIO OS LISBOETAS ASSISTEM À PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA

O Que Foi o 5 de Outubro?

O movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910 deu-se em natural sequência da acção doutrinária e política que, desde a criação do Partido Republicano, em 1876, vinha sendo desenvolvida por este partido, cujo objectivo primário cedo foi o da simples substituição do regime.

Ao fazer depender o renascimento nacional do fim da monarquia o Partido Republicano punha a questão do regime acima de qualquer outra. Ao canalizar toda a sua acção política para esse objectivo o partido simplificava grandemente o seu fim último, pois obtinha ao mesmo tempo três resultados: demarcava-se do Partido Socialista, que defendia a colaboração com o regime em troca de regalias para a classe operária; polarizava em torno de si a simpatia de todos os descontentes; e adquiria uma maior coesão interna, esbatendo quaisquer divergências ideológicas entre os seus membros.

Por isto, as divergências dentro do partido residiam mais em questões de estratégia politica do que de idelogia. O rumo ideológico do republicanismo português já fora traçado muito antes, com as obras de José Félix Henriques Nogueira, e pouco se foi alterando ao longo dos anos, excepto em termos de adaptação posterior às realidades do país. Para isso contribuiram as obras de Teófilo Braga, que tentou concretizar as ideias descentralizadoras e federalistas, abandonando o carácter socialista em prol dos aspectos democráticos. Esta mudança visava também não antagonizar a pequena e média burguesia, que se tornaria uma das principais bases de militância republicana. No entanto, o abandono dos interesses do proletariado acabaria por trazer muitos dissabores e dificuldades á Primeira República Portuguesa.

Esta operação tinha também como finalidade fazer do derrube da monarquia uma mística messiânica, unificadora, nacional e acima de classes. Esta panacéia que deveria curar de uma vez todos os males da Nação, reconduzindo-a à glória, foi acentuando cada vez mais duas vertentes fundamentais: o nacionalismo e o colonialismo. Desta combinação resultou o abandono do Iberismo patente nas primeiras teses republicanas de José Félix Henriques Nogueira, identificando-se monárquicos e monarquia com anti-patriotismo e cedência aos interesses estrangeiros. Outro componente muito forte da ideologia republicana era o anti-clericalismo, devido à teorização de Teófilo Braga, que identificou religião com atraso científico e força de oposição ao progresso, em oposição aos republicanos, vanguarda identificada com ciência e progresso. Também este dissociar dos sectores mais conservadores da população viria a ser um grave entrave à República.

Em Outubro de 1910 existiam 167 associações de carácteres vários filiadas no PRP. A acção mais divulgadora, no entanto, era a propaganda feita através dos seus jornais e na organização de manifestações populares, comícios, etc.

A propaganda republicana foi sabendo tirar partido de alguns factos históricos de repercussão popular: as comemorações do terceiro centenário da morte de Camões, em 1880, e o Ultimatum inglês, em 1890, fora aproveitados pelos defensores das doutrinas republicanas que se identificaram com os sentimentos nacionais e aspirações populares.


o sector mais revolucionário do partido, que defendia a luta armada para tomar o poder a curto prazo saiu vitoriosO do Congresso do Partido em Setúbal em Abril de 1909. O novo directório, composto pelos nomes menos radicais (Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro e José Relvas) recebeu do congresso o mandato imperativo de fazer a revolução. Os nomes mais radicais ficaram encarregues das funções logísticas na preparação da revolução. O comité civil era formado por Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida. À frente do comité militar ficou o almirante Cândido dos Reis.

António José de Almeida ficou encarregue da organização das sociedades secretas, como a Carbonária, em cuja chefia se integrava o comissário naval António Maria Machado Santos, a Maçonaria, embora esta independente dos orgãos do partido, e “Junta Liberal”, dirigida pelo Dr. Miguel Bombarda. A este eminente médico se ficou a dever uma importante acção de propaganda republicana sobre o meio burguês, que produziu muitos simpatizantes.

As forças armadas foram outro campo de recrutamento para os ideais republicanos, inevitável dada a orientação revolucionária escolhida. Embora já existisse um núcleo republicano, quando em 1909 se começou a preparar a revolução a curto prazo, havia falta de oficias no movimento. Esta falta foi suprida por acção conjunta da Maçonaria, do almirante Cândido dos Reis no Comité Militar Republicano (que recrutou a maior parte dos oficiais) e de Machado dos Santos na Carbonária.

O período entre o congresso e a eclosão da revolução foi muito instável, com várias ameaças de sublevação e grande agitação social, e a revolução várias vezes esteve em risco devido à impaciência do pessoal da marinha, chefiado por Machado Santos, que estava disposto a todos os riscos. Apesar de toda a agitação republicana o governo pouco se preparou, mesmo com a consciência de que o perigo era bem real. A rainha D.ª Amélia teve consciência do largo apoio que os republicanos congregavam: “As suas demonstrações de força nas ruas de Lisboa – por exemplo, a de 2 de Agosto de 1909, que reuniu cinquenta mil pessoas, numa disciplina impressionante – fazem eco aos tumultos organizados na Assembleia por alguns deputados republicanos. Foi na noite desse dia 2 de Agosto que compreendi que a coroa estava em jogo: quando o rei, com razão ou sem ela, é contestado ou rejeitado por uma parte da opinião, deixa de conseguir cumprir o seu papel unificador.”

A 5 de Outubro caiu uma Monarquia exangue, corrupta e sem defensores na sociedade civil, para nunca mais voltar ao Poder

Após o 5 de Outubro foi substituída a bandeira portuguesa. As cores verde e vermelho significam, respectivamente, a esperança e o sangue dos heróis. A esfera armilar simboliza os Descobrimentos, os sete castelos representam os primeiros castelos conquistados por D. Afonso Henriques, as cinco quinas significam os cinco reis mouros vencidos por este Rei e, finalmente, os cinco pontos em cada uma as cinco chagas de Cristo. O hino A Portuguesa , composto por Alfredo Keil tornou-se o hino nacional.



EIS A CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS


[1891.01.31] Revolta republicana no Porto

[1908.01.28] Revolta do "Elevador da Biblioteca", em Lisboa

[1908.02.01] Assassinato do Rei D. Carlos I e do Principe D. Luíz Filipe, no Terreiro do Paço, ao regressarem de Vila Viçosa, por Manuel Buíça e Alfredo Costa.

[1908.08.29] O novo Rei, D. Manuel II, preside à abertura das Cortes.

[1910.10.02] A revolução é marcada para o dia 4, à 1 hora da madrugada.

[1910.10.03] Miguel Bombarda, médico republicano, é assassinado. Às 20h realiza-se a última reunião dos conspiradores.

[1910.10.04]
[00.45 h] Revoltas nos quarteis da Infantaria 16 (Campo de Ourique), Artilharia 1 (Campolide) e Marinha (Alcântara)
[05.00 h] Acampamento na Rotunda
[07.00 h] Encontrado morto o republicano Cândido dos Reis, na Rotunda.
[08.00 h] Oficiais do Exército abandonam a Rotunda.
[10.00 h] 50 manifestantes são alvejados a tiro nos Restauradores.
[12.30 h] Ataque à Rotunda por Paiva Couceiro (dura até às 16h).
[14.00 h] Navios revoltosos bombardeiam o Palácio das Necessidades. D. Manuel II refugia-se em Mafra.
[16.00 h] A Marinha bombardeia o Terreiro do Paço.
[21.00 h] O navio D. Carlos é capturado pelos republicanos.

[1910.10.05]
[06.00 h] Combates de artilharia na Avenida da Liberdade.
[08.00 h] A República é proclamada na Câmara Municipal de Lisboa, por José Relvas.
[17.00 h] A Família Real embarca Gibraltar, na Ericeira.

[1910.10.08] Publicação dos célebres decretos "anti-clericais" de Afonso Costa, incluindo a expulsão da Companhia de Jesus.

[1910.10.15] Decreto de procriçao da família real de Bragança.

[1910.10.22] O Brasil é o primeiro país a reconhecer o novo governo português. (A Inglaterra só o faria a 11 de Setembro de 1911, seguida pela Espanha, Alemanha, Itália e Aústria-Hungria).

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