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terça-feira, outubro 28, 2008

POEMA DE JESSIER QUIRINO

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Paródia Paisagem de Interior


Um jumento garanhão,
comendo à força a jumenta,
uma bufa fedorenta,
esvaziando um salão,
festa de apartação,
um inverno promissor,
um vaqueiro aboiador,
um cachorro desnutrido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

Um carro de boi cantando,
carregado de madeira,
tenta subir a ladeira,
com os bois quase se arrastando.
A seriema cantando,
inspirando o trovador,
papagaio falador,
putanheiro e enxerido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

Comer um peba torrado,
batata doce, tacaca,
repolho cru, mão de vaca,
e culhão de touro, assado;
dá um peido desgraçado,
ninguém agüenta, doutor.
A podrura e o fedor,
mata um homem enturido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

Uma turma conversando,
lá no coreto da praça,
peidos de feijão macassa,
e as mentiras desfilando.
Aposentado prosando,
reclamando do calor,
estórias de caçador,
de convenção de partido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

Uma ruma de peão,
dormindo no alojamento,
bufas a todo momento,
som de peido e violão.
Muito feliz, o patrão,
olha seu reprodutor,
fudendo a todo vapor,
no curral, desinibido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

Pamonha, milho, canjica,
E fogueira de São João,
forró quente no salão,
é uma festa muito rica.
Mais contente ainda fica,
quem sarra com o seu amor,
no escuro, sem pudor,
no levantar do vestido,
Isso é cagado e cuspido
Paisagem do interior…

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