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Em 1953, ano em que apenas se produzem e estreiam cinco filmes em Portugal, anunciando assim uma tendência de empobrecimento após os Anos de Ouro das décadas de 1930 e 1940, surge — como lufada de ar fresco e tiro no escuro — UM FILME SOBRE AS LUTAS DO EXERCITO PORTUGUÊS DE ENTÃO CONTRA OS PRIMÓRDIOS DA LUTA DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE.
É um filme do Estado Novo, apologético dum grande Portugal com colónias
Chaimite, de Jorge Brum do Canto — autor maior da História do Cinema Português, é a segunda longa-metragem nacional sobre a matéria.
Jorge Brum do Canto atingiu, nesta obra, uma autenticidade nas resconstituições de época e militares, como nunca mais o nosso Cinema logrou alcançar. Se, no que diz respeito à Imagem, ao Som, à Montagem, percebemos que estamos na presença de um esteta — Brum do Canto iniciou-se com a Geração de 1930, profundamente ligada à modernidade cultural portuguesa, onde também se perfilaram, como cinéfilos ou cineastas, homens do regime Salazarista como Leitão de Barros, Cottinelli Telmo, António Lopes Ribeiro, Chianca de Garcia, Dr. Ricardo Jorge, João Ortigão Ramos, Félix Ribeiro, Domingos Mascarenhas, e muitos outros de igual calibre que se constituíram como tertúlia cinematográfica no S. Luís (aberto em 1928) —, por outo lado, no que se refere à História, é um cineasta profundamente conhecedor do assunto abordado que avança para este arriscado registo épico de Chaimite.
O filme — na linha de Feitiço do Império (1940), de António Lopes Ribeiro — mostra o esforço português para defender o que então se chamava Ultramar, da revolta vátua, que era afinal o inicio das lutas de libertação.
Mouzinho de Albuquerque (interpretado por Jacinto Ramos) destaca-se como grande protagonista, herói e fio-condutor da narrativa, não apagando, note-se, os outros camaradas de armas — Caldas Xavier (Augusto Figueiredo) e Paiva Couceiro (Brum do Canto, num notável trabalho de actor).
A acção desenrola-se, temporalmente, entre 1894, momento do ataque a Lourenço Marques pelos nacionalistas vátuas, e 1897, altura em que Mouzinho, Comissário Régio de Moçambique, vence definitivamente os vátuas, derrotando Maguiguana, que tinha escapado durante a captura de Gungunhana.
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