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Juscelino Kubitschek de Oliveira (Diamantina, 12 de setembro de 1902 — Resende, 22 de agosto de 1976) foi um médico, militar e político brasileiro. Conhecido como JK (lê-se jota-cá), foi presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Foi casado com Sarah Kubitschek, pai de Márcia Kubitschek e pai adotivo de Maria Estela Kubitschek.
Com estilo de governo inovador na política brasileira até então, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros. Foi o responsável pela construção da Nova Capital Federal, Brasília, executando assim o antigo projeto da mudança da capital para promover o desenvolvimento do interior e a integração do País. Durante todo o seu governo, o Brasil viveu um período de desenvolvimento econômico e estabilidade política.
Vida e carreira política
Seu pai, João César de Oliveira, era caixeiro-viajante, e sua mãe, Júlia Kubitschek, professora de origem checa (seu sobrenome é uma germanização do original checo Kubíček). Juscelino Kubitschek gostava muito de futebol, e tinha simpatia pelo América Mineiro, onde atuou como amador e sempre que podia acompanhava partidas do time. Estudou medicina em Belo Horizonte, formando-se em 1927. Fez curso e estágio complementar em Paris e Berlim em 1930 e casou-se com Sarah Gomes de Lemos em 1931. No ano seguinte, foi nomeado como capitão-médico da Polícia Militar de Minas Gerais. Iniciou sua carreira política em 1934, quando foi nomeado chefe da Casa Civil do interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares . Foi eleito deputado federal em 1934 e exerceu o mandato até o fechamento do Congresso em novembro de 1937, com o golpe do Estado Novo. Foi ainda eleito deputado federal para a Assembléia Constituinte de 1945.
Prefeito de Belo Horizonte em 1940, nomeado pelo então Governador de Minas Gerais Benedito Valadares, deixou um rico acervo arquitetônico em grande parte assinado pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer;
Governador de Minas Gerais em 1950. Sua administração estadual foi muito dinâmica: construiu cinco usinas hidrelétricas e abriu mais de 3 mil km de rodovias, o que lhe rendeu projeção nacional;
Presidente da República de 1956 a 1961, cumprindo apenas um mandato. Sendo eleito com 36% dos votos numa coligação entre o PSD e o PTB
Senador por Goiás em 1962.
Juscelino Kubitschek empolgou o país com seu reclame: "Cinquenta anos em cinco", conseguiu encetar um processo de rápida industrialização, tendo como carro chefe a indústria automobilística, houve forte crescimento econômico mas também um significativo aumento da dívida pública, interna e externa. Os anos de seu governo são lembrados como "Os Anos Dourados".
JK teve os direitos políticos cassados em 8 de junho de 1964.Juscelino ambicionava concorrer novamente à Presidência da República em 1965, projeto abortado pelo golpe militar de 1964 Acusado de corrupção, teve os direitos políticos cassados em 1964. Posteriormente, tentou articular , em 1967, a Frente Ampla de oposição ao regime militar juntamente com o ex-presidente João Goulart e o ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda, este último seu antigo adversário político.
A partir de então passou a percorrer cidades dos Estados Unidos da América e da Europa, em um exílio voluntário. Faleceu em 1976, em um desastre automobilístico, em circunstâncias até hoje pouco claras, no quilômetro 328 da Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade fluminense de Resende. Até hoje, o local do acidente é conhecido como "curva do JK". Mais de 300 mil pessoas assistiram a seu funeral em Brasília. Seus restos mortais estão no Memorial JK, construído em 1981 na Capital Federal por ele fundada.
Juscelino Kubitschek é, ainda hoje, um dos políticos mais admirados do cenário nacional, considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.
A eleição de Juscelino Kubitschek
Pela aliança PSD-PTB, Juscelino foi eleito Presidente da República em outubro de 1955 com 36% dos votos — na época as eleições se realizavam em turno único. Obteve 500 mil votos a mais que o candidato da UDN Juarez Távora e 700 mil votos a mais que o terceiro colocado, o governador de São Paulo Adhemar de Barros. A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta. A posse de Juscelino e do vice eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que em 11 de novembro de 1955 depôs o então presidente interino da República Carlos Luz, que teria tentado impedir a posse do presidente eleito.
Aspectos marcantes do seu mandato
Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete em 31 de janeiro de 1956. Em seu mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento, também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos em cinco".
O plano tinha 31 metas distribuídas em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e — a meta principal — Brasília. Visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a capital no centro do território brasileiro.
Economia
Embora o governo de Juscelino Kubitschek usasse uma plataforma nacional-desenvolvimentista, o Plano de Metas, lançado em 1956, permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro. Isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos industriais, assim como os capitais externos, desde que associados ao dinheiro nacional ("capital associado"). Para ampliar o mercado interno, o plano ofereceu uma generosa política de crédito. Financiou a implantação da indústria automobilística e da indústria naval, a expansão da indústria pesada, a construção de usinas siderúrgicas e de grande usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Marias, abriu as rodovias transregionais e aumentou a produção de petróleo da Petrobrás. Em 15 de dezembro de 1959, JK criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Sudene, para integrar a região ao mercado nacional. Em maio de 1960, um mês após a inauguração de Brasília, Juscelino fez com que o Brasil obtivesse do FMI um empréstimo de 47,7 milhões de dólares para financiar o seu plano industrial — sobretudo, a indústria automobilística em São Paulo.
Os críticos de Juscelino Kubitschek frisam o fato de ele ter priorizado o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário devido à indústria automobilística, o que teria causado prejuízos ou isolamento a certas cidades. A opção pelas rodovias é considerada por muitos danosa aos interesses do país, que seria melhor servido por uma rede ferroviária.
De fato, a expansão do crédito e as constantes emissões de moeda - para manter os investimentos estatais e pagar os empréstimos externos - provocaram crescimento da inflação e queda no valor dos salários. Em 1960, a inflação estava a 25% ao ano, subiu para 43% em 1961, para 55% em 1962 e chegou a 81% em 1963. A dívida externa aumentou 1,5 bilhão de dólares, chegando ao todo a 3,8 bilhões de dólares. Foi ainda agravada pelas altas remessas de lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo consequente aumento do déficit na balança de pagamentos. Durante o governo JK, a produção industrial cresceu 80%, os lucros da indústria cresceram 76%, mas os salários cresceram apenas 15%.
Construção de Brasília
A construção de Brasília foi, sem dúvida, um dos faCtos mais marcantes da história brasileira do século XX. A idéia de construir uma nova capital no centro geográfico do País estava prevista na primeira Constituição republicana de 1891, mas foi adiada por todos os governos desde então. Até que o Congresso, mesmo com descrença, aprovou a Lei n° 2874, sancionada por JK em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.
As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários - os candangos - vindos de todas as regiões do Brasil (principalmente do Nordeste), exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de 1960, em homenagem à Inconfidência Mineira. As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos. Além da obediência à Constituição, a construção da Nova Capital visava a integração de todas as regiões do Brasil; a geração de empregos, absorvendo o excedente de mão-de-obra da região Nordeste; e o estímulo ao desenvolvimento do interior, desafogando a economia saturada do centro-sul do País.
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No plano internacional, Juscelino procurou estreitar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos da América, ciente de que isso ajudaria na implementação de sua política econômica industrial e na preservação da democracia brasileira.
Rebeliões
Em seu governo ocorreram duas rebeliões de oficiais da Força Aérea Brasileira: em 19 de fevereiro de 1956 em Jacareacanga, Pará, e em 3 de dezembro de 1959, em Aragarças, Goiás. Ambas foram rapidamente controladas e seus líderes foram anistiados.
Apesar do crescimento econômico, o mandato de Juscelino Kubitschek terminou com crescimento da inflação, aumento da concentração de renda e arrocho salarial. Ocorreram várias manifestações populares, com greves na zona rural e nos centros industriais. As eleições de outubro de 1960 foram vencidas pelo candidato oposicionista Jânio Quadros, ex-governador de São Paulo apoiado pela UDN. Jânio obteve 48% dos votos — a maior votação obtida por um político brasileiro até então. Juscelino havia apoiado o marechal Henrique Lott, da aliança PSD-PTB.
Ao passar a faixa presidencial para Jânio Quadros em 31 de janeiro de 1961 Juscelino tornou-se o primeiro presidente desde Artur Bernardes a ser eleito pelo voto direto que iniciou e concluiu seu mandato dentro do prazo determinado pela Constituição Federal.
Ministros
Relação dos ministros de seu governo quando na presidência da república do Brasil.
Aeronáutica: brigadeiro Henrique Fleiuss; brigadeiro Francisco de A. Correia de Melo;
Agricultura: Ernesto Dornelles; José Parsifal Barroso (interino); Mário David Meneghetti; Luís Guimarães Júnior (interino); Paulo Fróis da Cruz (interino); Fernando Carneiro da Cunha Nóbrega (interino); Antônio de Barros Carvalho;
Educação e Cultura: Clóvis Salgado da Gama; Celso Teixeira Brant (interino); Nereu de Oliveira Ramos (interino); Pedro Calmon Moniz Bittencourt (interino); José Pedro Ferreira da Costa (interino); Pedro Paulo Penido;
Fazenda: José Maria Alkmin; João Oliveira Castro Viana Júnior (interino); Lucas Lopes; Sebastião Paes de Almeida; Maurício Chagas Bicalho (interino); Antônio Carlos Barcelos (interino)
Guerra: marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott; marechal Odílio Denis;
Justiça e Negócios Interiores: Nereu de Oliveira Ramos; José Carlos de Macedo Soares (interino); Eurico de Aguiar Sales; Carlos Cirilo Júnior; Armando Ribeiro Falcão;
Marinha: vice-almirante Renato de Almeida Guilobel (interino); almirante Antônio Álves Câmara Júnior; almirante Jorge do Passo Matoso Maia; almirante Jorge da Silva Leite (interino);
Relações Exteriores: José Carlos de Macedo Soares; Décio Honorato de Moura; Francisco Negrão de Lima; Antônio Barreto Mendes Viana; Horácio Lafer; Armando Ribeiro Falcão; Fernando Ramos de Alencar; Edmundo Pena Barbosa da Silva
Saúde: Maurício Campos de Medeiros; Mário Pinotti; Pedro Paulo Penido (interino); Armando Ribeiro Falcão (interino);
Trabalho, Indústria e Comércio: José Parsifal Barroso; Mário David Meneghetti; Fernando Carneiro da Cunha Nóbrega; Alírio Sales Coelho (interino); João Batista Ramos;
Viação e Obras Públicas: Lúcio Martins Meira; almirante Ernâni do Amaral Peixoto.
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