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Daniela Mercury
Daniela Mercuri de Almeida Póvoas (Salvador, 28 de julho de 1965), conhecida simplesmente como Daniela Mercury, é uma consagrada cantora, compositora, dançarina e produtora musical brasileira de axé music, samba-reggae e MPB. Desde que começou a fazer sucesso, a partir da década de 1990, Mercury se tornou uma das cantoras brasileiras mais populares de todos os tempos, vendendo cerca de onze milhões de álbuns em todo o mundo.
Daniela Mercury é filha de Liliana Mercuri de Almeida, uma assistente social de ascendência italiana, e Antônio Fernando de Abreu Ferreira de Almeida, um mecânico industrial português. Mercury cresceu no bairro de Brotas com seus quatro irmãos: Tom, Cristiana, Vânia (que também é cantora) e Marcos.
Quando tinha oito anos de idade, Mercury começou a estudar dança (balé clássico, danças afro e jazz). Aos treze, após assistir um show de Elis Regina, decidiu se tornar cantora, e aos quinze começou a se apresentar em bares e em trio elétricos. Aos dezoito, entrou na escola de dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde mais tarde veio a adquirir seu diploma de ensino superior.
Em 1984, aos dezenove anos de idade, casou-se com o engenheiro eletrônico Zalther Portela Laborda Póvoas. Um ano mais tarde, em 3 de setembro de 1985, deu à luz a Gabriel, seu primeiro filho. No ano seguinte, nasceu Giovanna. Em 1996, Mercury e Póvoas se separaram.
Carreira
De 1986 a 1988, Daniela Mercury foi vocalista da banda Eva. Em 1988 se tornou vocal de apoio da banda de Gilberto Gil e, em seguida, entre os anos de 1989 e 1990, gravou dois álbuns como vocalista da banda Companhia Clic. Com esta, lançou as canções "Pega que Oh!" e "Ilha das Bananas", que fizeram sucesso um tanto quanto moderado nas rádios da Bahia. Logo no início da década de 1990, Mercury decidiu partir para a carreira solo.
A conquista do sucesso (1991-1994)
O primeiro álbum de Mercury, que leva seu nome como título, foi lançado em 1991 pela gravadora independente Eldorado. Deste, foram lançadas para as rádios as canções "Swing da Cor" (o primeiro número um da cantora na parada brasileira) e "Menino do Pelô", ambas gravadas com o bloco-afro Olodum. No ano seguinte, desligou-se da gravadora e, desde então, produz seus próprios álbuns para depois negociar a distribuição dos mesmos com as gravadoras que estejam interessadas.
Em 1992 apresentou-se no projeto Som do meio dia no Museu de Arte de São Paulo. Seu show reuniu mais de trinta mil espectadores, o que acabou por deixar o trânsito engarrafado nas imediações do local. Após quarenta minutos de show, Mercury foi retirada do palco por representantes da secretaria de turismo de São Paulo, que, preocupados com a estrutura do museu, obtiveram uma ordem da polícia militar para retirá-la do local.
Logo após o show, Mercury foi contatada pela gravadora Sony Music e através desta lançou seu segundo álbum solo, O Canto da Cidade. O álbum vendeu mais de dois milhões de cópias no Brasil, fazendo com que Mercury se tornasse a segunda intérprete feminina a atingir tal feito, e produziu sucessos como "O Mais Belo dos Belos", "Batuque", "Você Não Entende Nada" e a faixa-título, todos números um na parada oficial. As canções "Só pra te Mostrar", um dueto com Herbert Vianna, e "Bandidos da América" fizeram um sucesso moderado nas rádios brasileiras, atingindo as posições de número nove e vinte um na parada, respectivamente.
O álbum rendeu a Mercury um especial de fim de ano na Rede Globo, onde foram mescladas apresentações de um show gravado na praça da Apoteose no Rio de Janeiro com videoclipes gravados com Caetano Veloso, Hebert Viana e Tom Jobim. Anos mais tarde, o especial, até então inédito em vídeo, foi lançado em DVD para comemorar os quinze anos do lançamento do álbum.
Em julho de 1993, Mercury foi uma das principais atrações brasileiras no prestigiado Festival de Jazz de Montreux na Suíça. Durante este período, Mercury experimentou um momento de impacto e popularidade pouco visto na história da musica popular brasileira.
Desenvolvimento artístico (1994-1999)
Em 1994 Mercury lançou seu terceiro álbum, intitulado Música de Rua, através da Sony. As críticas foram duras, afirmando que a cantora copiara a fórmula do álbum anterior. No entanto, este álbum vendeu mais de um milhão de cópias e produziu dois números um ("Música de Rua" e "O Reggae e o Mar") e um número seis ("Por Amor ao Ilê"). Música de Rua permanece sendo até hoje o álbum mais autoral da carreira de Mercury, sendo que seis das doze canções do álbum são de sua própria autoria. Naquele mesmo ano, gravou com Ray Charles um comercial da cerveja Antartica em homenagem à Copa Mundial de Futebol da FIFA.
Em 1996 lançou seu quarto álbum, Feijão com Arroz. Este foi muito bem recebido por ambos crítica e público, sendo considerado pelo site All Music Guide o melhor da carreira da cantora. Entre as canções lançadas estão os número um "À Primeira Vista", "Nobre Vagabundo" e "Rapunzel". As vendas de Feijão com Arroz chegaram perto da casa dos dois milhões de cópias, fazendo deste o segundo álbum mais vendido de toda a carreira de Mercury. O álbum ajudou a impulsionar a carreira internacional da cantora. Em Portugal, se tornou um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Na França, vendeu cerca de 300 mil cópias e Mercury lotou o teatro La Cigale. Em Nova Iorque, a cantora bateu recorde de público no Festival de Artes Latinas do Lincoln Center. Recentemente, sua capa foi escolhida por internautas do site do Jornal da Globo como a melhor da história da música popular brasileira, superando as capas históricas de Tropicália ou Panis et Circenses, Secos e Molhados e Cabeça Dinossauro.
No ano de 1998, passado o sucesso de Feijão com Arroz, Mercury lançou seu primeiro álbum gravado inteiramente ao vivo, intitulado Elétrica. Este álbum, produziu o número oito "Trio Metal". No mesmo ano, Mercury participou da coletânea Tropicália - 30 anos, onde interpretou "Alegria, alegria", uma das canções assinatura de Caetano Veloso. Nesse mesmo ano, o videoclipe de "Rapunzel" foi exibido nos intervalos dos jogos da Copa de Futebol da França e a cantora foi eleita a artista do verão pelo canal France 2, o maior canal público francês.
Em 1999 foi lançada a coletânea Swing Tropical, seu último álbum lançado através Sony. Esta coletânea continha seus maiores sucessos até então e uma regravação de "País Tropical", um dos maiores sucessos de Jorge Ben Jor, com o Olodum. Neste mesmo ano, Mercury fundou um dos principais trios elétricos do carnaval de Salvador, o Trio Techno. A cantora foi vaiada devido à estranheza do grande público para com a fusão com a música eletrônica. No entanto, foi aos poucos garantindo sua aceitação e todo ano, desde então, o trio é acompanhado por uma enorme multidão no percusso Barra/Ondina.
Mudança no som (2000-2004)
No período de 2000 até 2004 Mercury lançou quatro álbuns através da BMG, onde aos poucos foi propositalmente excluindo-se da axé music, que entrava em declínio. O primeiro deles foi Sol da Liberdade, que vendeu quase um milhão de cópias e produziu dois números um: "Ilê Pérola Negra" e a regravação de "Como Vai Você" de Antônio Marcos. A outra canção lançada, "Santa Helena", atingiu a posição de número vinte e seis, a pior da carreira de Mercury até então. O álbum inovou por fundir sons tradicionais da carreira de Mercury com a música eletrônica. O disco foi elogiado pela critica e sua turnê foi a mais bem sucedida da cantora até então, chegando a receber uma elogiosa crítica do The New York Times quando de sua passagem por Nova Iorque.
No ano seguinte, Mercury confirmou que permaneceria na linha de fusão com música eletrônica ao lançar Sou de Qualquer Lugar. O álbum vendeu apenas metade do que o anterior, mas produziu o número um "Mutante", escrito por Rita Lee e Roberto de Carvalho. As outras duas canções lançadas, "Beat Lamento" e "Estrelas", um dueto com Toni Garrido, atingiram posições bem inferiores na parada brasileira para os padrões de Mercury: números quinze e vinte, respectivamente. O álbum foi recebido com críticas negativas por parte da mídia. Mercury, chateada, declarou: " Se invisto sempre no samba-reggae, dizem que sou repetitiva, axezeira. Se parto para a MPB como fiz no Clássica (CD/DVD gravado em 2004 com repertório que ia de Tom Jobim a João Bosco) me acusam de prepotente. Se flerto com a eletrônica (CD Carnaval eletrônico), me lançam pedras, afirmando que estou perdida. Eu sou uma cantora de música popular brasileira e tenho o direito de experimentar. Não sou acomodada. Tenho atitude e sei o que quero". No mesmo ano, a cantora foi convidada para repesentar o Brasil na entrega do Prêmio Nobel da Paz, onde cantou com Paul McCartney.
Em abril de 2003, a cantora lançou seu segundo álbum ao vivo, MTV Ao Vivo - Eletrodoméstico. O álbum foi gravado em 23 e 24 de janeiro daquele ano na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. A performance do show foi lançada em DVD, o primeiro de Mercury. As vendas foram inferiores a dos álbuns anteriores, porém duas das três canções lançadas experimentaram um sucesso moderado; "Meu Plano", de Lenine, e "Dona da Banca", que atingiram as posições de número onze e dezessete na parada brasileira, respectivamente.
Em 2004, Mercury lançou Carnaval Eletrônico, seu último através da BMG, que se fundiria à Sony em agosto do mesmo ano. Para a gravação deste álbum, Mercury convidou influentes DJs e produtores de música eletrônica, além de Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Lenine. O lançamento do álbum coincidiu com a comemoração dos cinco anos da formação do Trio Techno. O disco vendeu cento e noventa mil cópias e produziu o número um "Maimbê Dandá" (o último da cantora no país), canção ganhadora do trofeu Dodô e Osmar. A outra canção lançada deste álbum, "Vou Batê Pra Tu", atingiu a posição de número 76 na parada do Brasil, tornando-se a canção de Mercury de pior desempenho na parada.
Retorno ao som antigo (2004-2007)
Daniela Mercury se apresentando em Goiânia, Goiás em 16 de setembro de 2007 na inauguração do Parque Flamboyant. Show que marca os quinze anos de O Canto da Cidade.Os álbuns de Mercury produzidos durante 2004 até 2006 abandonaram, em partes, a fusão com a música eletrônica claramente evidente nos álbuns anteriores.
Em 2005, Mercury lança seu terceiro álbum ao vivo, Clássica. Gravada em 2004 em São Paulo, a performance do álbum, - que conta com a participação especial de Vânia Abreu, irmã mais nova da cantora -, foi lançada em CD e DVD através da Som Livre. No álbum, Mercury interpreta canções de bossa nova, jazz e MPB, deixando de lado as canções que geralmente estão associadas à sua imagem. O lançamento deste álbum marcou uma nova fase na carreira de Mercury, possuindo agora controle total e completo de sua obra. O álbum foi recebido com críticas positivas e negativas e é o de menor vendagem em toda a carreira da cantora.
No mesmo ano, através da EMI, lança Balé Mulato, seu oitavo álbum de estúdio. O álbum foi muito bem recebido pelos críticos, que chegaram a compará-lo com Feijão com Arroz. No entanto, o álbum não foi muito bem recebido pelo público, com nenhuma das canções lançadas sendo capazes de atingir o topo da parada. Foi incluída no álbum a canção "Olha o Ghandi Aí", eleita a melhor do carnaval de Salvador de 2005, pela Rede Bandeirantes, com mais de um milhão de votos registrados pela emissora. No ano seguinte, "Levada Brasileira", outra canção do mesmo álbum, conseguiria repetir o feito.
Em 2006 a cantora lançou, também através da EMI, o DVD Baile Barroco, gravado ao vivo no carnaval de Salvador do ano anterior (dias 5, 6, 7 e 8 de fevereiro). Este DVD conta com as participações especiais de Gilberto Gil, Luiz Caldas e Ricardo Castro, numa inovadora performance em que a cantora substitui sua banda pelo pianista de música clássica. A proposta causou certa polêmica Brasil afora. Os defensores das tradições do carnaval baiano acusaram-na de querer elegantizar o popular. Chamaram Daniela de arrogante, má fama, aliás, com a qual ela tem convivido há anos devido ao gosto musical depurado.
Em 17 de setembro deste mesmo ano, gravou Balé Mulato - Ao Vivo no Farol da Barra, em Salvador. A performance do show foi lançada nos formatos de DVD e CD, através da EMI. O show contou com as participações especiais da Banda Didá e das cantoras Gil e Mariene de Castro. Coube ao cineasta pernambucano Lírio Ferreira a direção de imagens do DVD. Balé Mulato - Ao Vivo venceu o Grammy Latino de melhor álbum brasileiro de música regional ou de raízes, o primeiro de Mercury após quatro indicações frustradas.
Em 2007 Mercury foi escolhida para participar de um álbum de tributo ao maestro italiano Ennio Morricone. Também gravou com Zé Ramalho o dueto "Procurando a Estrela", que fez parte da trilha-sonora da novela Caminhos do Coração da Rede Record, e foi convidada para cantar "Cidade Maravilhosa" e "Aquarela do Brasil" no final da cerimônia de abertura dos XV Jogos Pan-Americanos e dos III Jogos Parapan-Americanos, ambos realizados no Rio de Janeiro. Também comemorou os quinze anos do álbum O Canto da Cidade com a realização de shows especiais.
Discografia
1988: Companhia Clic - Vol. 1
1989: Companhia Clic - Vol. 2
Álbuns de estúdio
1991: Daniela Mercury
1992: O Canto da Cidade
1994: Música de Rua
1996: Feijão com Arroz
2000: Sol da Liberdade
2001: Sou de Qualquer Lugar
2004: Carnaval Eletrônico
2005: Balé Mulato
Outros álbuns
1998: Elétrica
2003: Eletrodoméstico
2005: Clássica
2006: Balé Mulato - Ao Vivo
Lançamentos em vídeo e DVD
2003: Eletrodoméstico
2005: Clássica
2006: Baile Barroco
2006: Balé Mulato - Ao Vivo
2008: O Canto da Cidade - 15 Anos
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