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quarta-feira, julho 09, 2008

a 9 de Julho, teve inicio a REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA

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Revolução Constitucionalista de 1932

Revolução Constitucionalista de 1932


Data 9 Julho de 1932 - 2 de Outubro 1932
Local Todo estado de São Paulo e algumas partes de Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul
Resultado Vitória Militar das Tropas federais Vitória Política dos Revoltosos

Combatentes
Tropas Paulistas
Tropas Mato grossenses
Tropas Gaúchas
Voluntários de outros estados
Exército Federal
Força Pública de Minas Gerais
Força Pública do Rio Grande do Sul
Forças Públicas de outros estados

Comandantes
Pedro de Toledo
Vespasiano Martins
Euclides Figueiredo
João Neves da Fontoura
Júlio de Mesquita Filho
Bertoldo Klinger
Borges de Medeiros

Artur Bernardes Getúlio Vargas
Góis Monteiro
Forças
Tropas Paulista:40.000
Tropas Gaúchas:450
Tropas Mato grossenses:5.000 Forças Armadas:100.000
Baixas
Tropas paulista:634-2.000
Tropas Gaúchas:200
Tropas Mato Grossenses:desconhecido Não há estimativa dos números de soldados federais mortos
A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 32 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Brasil entre Julho e Outubro de 1932, onde o estado de São Paulo visava à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.

Atualmente, o dia 9 de julho que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como o maior movimento cívico de sua história.

Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado corrido no Brasil.

No total, foram 85 dias de combates, (de 9 de julho a 2 de outubro de 1932), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido ao combates.

História

Contexto
Na primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo vivenciou um acelerado processo de industrialização e enriquecimento devido aos lucros da lavoura de café e à articulação da política do café-com-leite, pela qual se alternavam na presidência da República políticos dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais.

Em meio à grave crise econômica devido à Grande Depressão de 1929, que derrubara os preços do café, ocorreu a eleição de 1930 para presidente da república onde o paulista Júlio Prestes, candidato pelo Partido Republicano Paulista foi eleito presidente da República. Em São Paulo, Júlio Prestes teve 90% dos votos válidos, sendo que os votos dados a Getúlio Vargas em São Paulo deveu-se ao apoio dado pelo Partido Democrático de São Paulo.

Júlio Prestes não tomou posse pois ocorreu, em outubro de 1930, a Revolução de 1930, vindo Getúlio Vargas a assumir o poder, colocando fim à supremacia política das oligarquias paulistas e mineiras no governo federal e instalando no Brasil, uma ditadura.

Júlio Prestes e o presidente Washington Luís e vários outros apoiadores de Júlio Prestes foram exilados na Europa e os jornais que apoivam Júlio Prestes foram destruídos (na época se dizia empastelados).

Getúlio nomeou interventores para o governo dos Estados, sendo que para São Paulo foi designado o tenente, promovido a coronel pela Revolução de 1930, João Alberto Lins de Barros, considerado pelas oligarquias como "forasteiro e plebeu" e também de O pernambucano.

O Partido Democrático que apoiara Getúlio Vargas em São Paulo, conseguindo para Getúlio, 10% dos votos paulistas na eleição de 1 de março, não conseguiu indicar o interventor federal em São Paulo.

Para o comando da 2ª Região Militar, de São Paulo, foi designado o general Miguel Costa e para o comando da Polícia Militar (então chamada de Força Pública, foi nomeado pela ditadura, o major Miguel Costa. Ambos tinham tentado derrubar o governo paulista na Revolução de 1924. Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública por causa de suas ações em 1924.


Antecedentes do movimento

Cartaz do movimento contra a ditadura getulistaEm 1932 a irritação dos paulistas com Getúlio Vargas não cedeu com a nomeação de um paulista, Pedro Manuel de Toledo, como interventor do Estado, pois tanto este quanto Laudo de Carmargo (que havia renunciado por causa da interferencia dos tenentes no governo), não conseguiam autonomia para governar.

Começou-se, então a tramar-se um movimento armado visando à derrubada da ditadura de Getúlio Vargas, sob a bandeira da proclamação de uma nova Constituição para o Brasil.

As interferências da ditadura no governo de São Paulo era constante, não se deixando os interventores formarem livremente seu secretariado, nem do Chefe de Polícia. Pedro de Toledo não governava de fato, as interferências de Miguel Costa, Osvaldo Aranha, João Alberto Lins de Barros, [Manuel Rabelo]] e Pedro Aurélio de Góis Monteiro eram constantes.

o político Paulo Nogueira Filho descreve João Alberto Lins de Barros e Miguel Costa como pessoas que "se arvoravam como donatários de São Paulo".

Júlio Prestes acreditava, já em 1931, que a situação da ditadura estava se tornando insustentável, e declarou, no exílio, em Portugal:

O que não compreende é que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo civilizado.

A primeira grande manifestação dos paulistas foi um mega comício, na época se dizia meeting, na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo em 25 de janeiro de 1932.

O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de 1930, uniram-se na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" e uma nova Constituição. Assim, São Paulo inteiro estava contra a ditadura.

Os paulistas consideravam que o seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal como uma terra conquistada, expressão de autoria de Leven Vanpré, governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo, pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos paulistas em 1930.

O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados por partidários da ditadura, em 23 de maio de 1932, dando origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA:

Mário Martins de Almeida (Martins)
Euclides Bueno Miragaia (Miragaia)
Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio)
Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo)

Cartaz convocando os paulistas às armasO dia 23 de maio é sagrado em São Paulo como o Dia do soldado constitucionalista.

Esse fato levou à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização. Neste movimento, tanto se uniu a oligarquia que pretendia a volta da supremacia paulista no poder, quanto segmentos que desejavam a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil.

Em 9 de julho eclodiu o movimento revolucionário, com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do sul de Mato Grosso, para a derrubada de Getúlio Vargas.

Pedro de Toledo que ganhara forte apoio dos paulistas foi proclamado governador dos paulistas.

No Estado, contou com um grande contingente de voluntários civis e militares e o apoio de políticos de outros Estados, como Borges de Medeiros, Artur Bernardes e João Neves da Fontoura. No atual Mato Grosso do Sul foi formado um estado independente que se chamou Estado de Maracaju que apoiou São Paulo.

São Paulo esperava a adesão do interventor do Rio Grande do Sul, o estado mais bem armado, mas este na última hora decidiu enviar tropas não para apoiar São Paulo, mas para combater os paulistas.

O movimento estendeu-se até 2 de outubro de 1932, quando foi derrotado militarmente. Observe-se que, em 9 de julho, Getúlio Vargas já havia estabelecido eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte e que já havia nomeado um interventor paulista - as duas grandes exigências de São Paulo. Pedro de Toledo foi proclamado pelo povo como governador, mas a interferência dos tenentes na política paulista continuava forte.

Era especialmente humilhante para São Paulo, a nomeação do major Miguel Costa para comandante da Polícia Militar de São Paulo, então chamada de Força Pública, pois Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública em 1924 por tentar derrubar o governo paulista na Revolução de 1924.

Isso, porém, não evitou o conflito, já que o que a elite paulista realmente almejava voltar a dominar a política nacional, como o fazia anteriormente, reparando a injustiça de Júlio Prestes não ter tomado posse em 1930.

Porém o término da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. Em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte quando a mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Nesta eleição, graças à criação da Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras.

Na versão do governo, a revolução de 1932 não era necessária pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Segundo os paulistas não teria havido redemocratização do Brasil, se não fosse o movimento constitucionalista de 1932.

O crime mais bárbaro ocorrido durante a Revolução de 1932, ocorreu na cidade de Cunha onde as tropas da ditadura torturaram e mataram o agricultor Paulo Virgínio que foi obrigado a cavar sua própria sepultura e morreu dizendo:

-Morro mas São Paulo Vence!

Paulo Virgínio, junto com os jovens do MMDC, esta enterrado no Mausoléu do Ibirapuera.

Getúlio, terminado a revolução de 1932, se reconcilia com São Paulo, e depois de várias negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Sales Oliveira, e participando, mais tarde, em 1938, pessoalmente da inauguração da avenida 9 de julho em São Paulo.

Durante o Estado Novo, os dois interventores federais em São Paulo, saíram das hostes do Partido Republicano Paulista: Adhemar Pereira de Barros (1938-1941 ) e Fernando de Sousa Costa (1941-1945) que havia sido secretário da agricultura do Dr. Júlio Prestes.


O movimento armado

Cartaz de convocação para Enfermeiras Voluntárias paulistasQuando se inicia o levante, uma multidão sai às ruas em apoio. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o Estado. Mas as tropas federais são mais numerosas e bem equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. 40 mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de 100 mil soldados.

Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção ao Rio de Janeiro pelo Vale do Paraíba, com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado pelos outros estados.

Porém, sem o apoio dos outros estados o plano imaginado por São Paulo não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do movimento levou São Paulo a se ver sozinho, com o apoio de apenas algumas tropas mato-grossenses, contra o restante do Brasil[1]. Comandados por Pedro de Toledo, aclamado governador revolucionário, e o general Bertoldo Klinger as tropas paulistas se viram lutando em três grandes frentes: o Vale do Paraíba, o Sul Paulista e Leste Paulista.

O estado de São Paulo, apesar de contar com mais de quarenta mil soldados, estava em desvantagem. Por falta de apôio de outros estados, São Paulo se econtrava num grande cerco militar.

Como as fronteiras do Estado foram fechadas, não havia como adquirir armamento para o conflito, fora do país, assim muitos voluntários levaram suas próprias armas pessoais e engenheiros da Escola Politécnica do Estado (hoje EPUSP) e do IPT (Instituto de Pesquisas Técninológicas) passaram a desenvolver armamentos a serem produzidos pelo próprio Estado para suprir as tropas.

Sendo que em um teste de um novo canhão, houve um acidente que matou o Comandante da Força Pública Coronel Júlio Marcondes Salgado. Um das armas mais sofisticadas feitas pela indústria paulista foi o trem blindado, usado na campanha militar no Vale do Paraíba.

São Paulo criou moeda própria, que foi falsificada pela ditadura e distribuída em São Paulo para desestabilizar a economia de São Paulo. O dinheiro paulista era lastreado pelo ouro arrecadado pela campanha "Ouro para o bem de São Paulo", também chamado de "Ouro para a vitória".

Também foi comprado armas nos EUA cujo navio que a transportava foi apreendido. Houve muita falta de munição, o que levou os paulistas a inventarem e usarem um aparelho que imitava o som das metralhadoras chamada de "matraca".

Houve intensa mobilização através do rádio, uma novidade na época, propaganda e contra-propaganda ideológica por parte da ditadura que acusava São Paulo de estar nas mãos do facismo italiano trazido pelos imigrantes. Eram recrutados, pela ditadura, brasileiros de outras regiões para combaterem São Paulo dizendo-lhes que São Paulo queria se separar do Brasil.

A ditadura colocava elementos infiltrados em reuniões e comícios em São Paulo que pregavam o derrotismo e o desânimo da população.



O fim do conflito
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O interior do Estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Vargas e a capital paulista era ameaçada de ocupação. A economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores.

Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo, as tropas da Força Pública Paulista, atual Polícia Militar de São Paulo são as primeiras a se render, no final de setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revoltista se rende em 2 de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por Pedro Aurélio de Góis Monteiro.


Conseqüências

A epopéia de 1932

Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio, enquanto os paulistas computam oficialmente 634 mortos, embora estimativas extraoficiais falem em mais de mil mortos paulistas. Do lado federal, nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.

A derrota militar entretanto se transforma em vitória política. Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição.

Para os paulistas, a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do Estado, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos. Lembrada por feriado no dia 9 de julho, a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de São Paulo do que no interior do estado, onde a destruição e mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas.

No restante do país, o movimento, assim como a já citada Guerra dos Farrapos, é mais lembrado pela versão imposta pelos vitoriosos, a de uma rebelião conservadora, visando a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder e de velado caráter separatista[2].

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