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quarta-feira, maio 25, 2005

SANTOS CAMPEÃO INTERCONTINENTAL 1962

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A FABULOSA EQUIPA DO SANTOS NA NOITE EM QUE SE SAGROU CAMPEÃ INTERCONTINENTAL, VENCENDO O
BENFICA NO ESTÁDIO DA LUZ POR 5-2

Time base do Santos, campeão mundial em 1962: Em pé da esquerda para a direita - Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro. Agachados - Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe


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SANTOS, CAMPEÃO MUNDIAL INTERCLUBESHá 42 anos, o Santos de Pelé encantava o mundo


Foto Gazeta Press


Foi no dia 11 de outubro de 1962 que o Santos Futebol Clube conquistou o título máximo que um clube de futebol pode alcançar. Nesta data, o Peixe sagrou-se campeão mundial interclubes, em Lisboa. A partida que rendeu o título ao Santos foi um verdadeiro show de bola. O placar final foi de 5 para o Peixe e 2 para o Benfica. Este jogo é tido por muitos dos jogadores daquela época como a melhor apresentação do Santos em toda a sua história.

O jogo final foi marcado por muita tensão. O estádio estava lotado e, como não poderia ser diferente, a quase totalidade do público presente torcia para o Benfica. O Santos havia vencido o primeiro confronto, no Maracanã, por 3 a 2, em um jogo muito disputado. O clube português confiava tanto na vitória, que ouviam-se rumores de que já estavam sendo vendidos os ingressos para a terceira partida.

Na verdade, o que a torcida portuguesa viu foi o completo domínio do Santos, que chegou a estar vencendo por 5 a 0. Os gols do Benfica só foram feitos nos últimos cinco minutos de jogo. Os gols do Santos foram marcados pelo famoso trio: Coutinho, Pelé (3) e Pepe. Pelo bonito futebol, a equipe campeã deu sua volta olímpica sendo aplaudida de pé pela torcida adversária. No dia seguinte, os jornais lusitanos estampavam: "O Santos proporcionou a Lisboa um espetáculo inesquecível".

Lima, o curinga da Vila, se lembra da ocasião. "Este jogo, é especial. Parece que joguei esta partida ontem! Tudo que aconteceu antes, durante e depois foi muito emocionante! Foi a primeira vez que "A Voz do Brasil" não foi transmitida só para que os brasileiros pudessem ouvir a transmissão pelo rádio . Foi uma partida maravilhosa, quase perfeita, só não foi perfeita porque a perfeição é inatingível", acredita Lima.

O curinga chegou a fazer aposta com um funcionário do hotel onde a equipe ficou hospedada. "Critiquei eles, dizendo que vender ingressos para um terceiro jogo que havia grande possibilidade de não acontecer, pois o Santos tinha vantagem do empate, era coisa de português! Naquela época divulgávamos o café brasileiro, levando alguns pacotes nas viagens internacionais. Apostei que se o Benfica ganhasse, daria dois pacotes de café para o funcionário mas, se o Santos vencesse, ele teria que me dar duas garrafas de um legítimo vinho português. Quase fiquei bêbado!", brinca. "Ele veio me entregar o vinho com lágrimas nos olhos, então resolvi fazer uma troca e lhe dei o café, para ele não ficar tão triste".

Depois da final, a equipe campeã fez mais dois amistosos na Europa, só retornando ao Brasil uma semana depois. A comemoração teve que ser feita no país lusitano. "Fomos a uma casa de fados onde se apresentava uma cantora muito conhecida na época. Foi uma festa, ela ofereceu muitas músicas para nós. Não havia dúvidas de que tínhamos sido superiores e merecíamos o título", lembra Lima.

Quarenta anos depois, Zito, o capitão santista, relembrou o título. "Eu estava com gripe e achei até que não ia poder jogar. Estava com um pouco de falta de ar, mas não podia deixar de jogar naquela partida". Da emoção, Zito se recorda bem: "Foi maravilhoso, um dos melhores jogos que o Santos fez em toda sua história. Ficamos numa expectativa fantástica até o momento em que entramos em campo. Depois, só pensamos no jogo", contou o capitão.

Pepe, conhecido como o Canhão da Vila, se lembra da tática dos portugueses. "Eles tinham certeza de que aconteceria uma terceira partida. Atacaram muito, deixando muitos buracos na defesa. Além disso, os jogadores tinham muito medo da gente. Vinte e cinco anos depois da conquista, encontrei Torres, que era jogador do Benfica na época, e ele me disse: "Quando vimos aquele time todo de branco e aquele negro com a camisa 10 (Pelé), nos borramos todos" . Pepe acredita que aquela foi a melhor exibição do Peixe em todos os tempos. "Vivemos um sonho. Muitos torcedores acompanharam o time até Portugal", conta.

Na grande final, o técnico Lula fez uma alteração surpresa, colocando Olavo no lugar de Mengálvio e mudando a posição de Lima. "Só ficamos sabendo disso na hora da preleção", disse o Curinga. O time escalado para a decisão foi: Gilmar, Olavo, Mauro e Dalmo; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe.

Na trajetória para o título, o Peixe marcou o total de 38 gols em 11 jogos. Foram 9 de Coutinho, 8 de Pelé, 5 de Pepe, 4 de Pagão, 4 de Dorval, 2 de Lima, 2 de Zito, 2 de Mengálvio, 1 de Tite e ainda um gol contra do uruguaio Caetano, no jogo em que o Santos conquistou a Taça Libertadores da América. A companha contou com 8 vitórias, 3 empates e saldo de 23 gols.

Ficha técnica
Benfica 2 x 5 Santos
Local: Estádio da Luz, em Lisboa
Data: 11/10/1962
Árbitro: Pierre Schinter (França)
Benfica: Costa Pereira; Humberto, Raul e Cruz; Caven e Jacinto, José Augusto, Santana, Euzébio, Coluna e Simões. Técnico: Otto Glória.
Santos: Gilmar; Olavo, Mauro e Dalmo; Zito, e Calvet; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Luís Alonso Peres (Lula).
Gols: Pelé, aos 17 e 26 minutos do 1º tempo; Coutinho, aos três, Pelé, aos 19, Pepe aos 31, Euzébio, aos 41, e Simões aos 44 minutos do 2º tempo.

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