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Os 35 anos do tri
MÉXICO 70-O aniversário de uma conquista histórica
Invejada, admirada, às vezes criticada, mas jamais contestada em sua posição de líder de qualquer ranking que se faça, a Seleção Brasileira, cinco vezes campeã mundial, a única que esteve presente a todas as 17 Copas do Mundo disputadas, tem um motivo muito especial para comemorar a data de hoje, 21 de junho: os 35 anos da conquista do tricampeonato no monumental Estádio Azteca, na Cidade do México. Conquista simbolizada pelo gesto do capitão Carlos Alberto Torres ao erguer a Taça Jules Rimet, repetindo Bellini, na Suécia (1958), e Mauro, no Chile (1962), e que consagrou de vez o jogador brasileiro aos olhos do mundo.
Uma prova definitiva de que o bicampeonato não era produto apenas das façanhas dos dois maiores gênios da história do futebol, Garrincha e Pelé, mas sim da qualidade de seguidas gerações de craques, como o futebol de nenhum outro país produziu. Para só citar alguns, nomes como Didi, Nílton Santos (58/62), Jairzinho, Gérson, Tostão, Rivellino (70). História que poderia ter começado antes, nos tempos de Zizinho e Ademir, marcados pela derrota para o Uruguai no Maracanã, em 1950.
1958
O país atravessava provavelmente o mais rico momento de sua história.O otimismo geral chegou ao futebol, com o aparecimento, principalmente, de dois ferômenos: Garrincha, O Anjo das Pernas Tortas, no Botafogo, e Pelé, o menino do Santos, então com 17 anos e que viria a se tornar o Atleta do Século e Rei do Futebol.
Saíram daqui como reservas e voltaram consagrados. Uma história que foi prevista por Nelson Rodrigues no Jornal dos Sports: "Ou muito me engano ou este Campeonato do Mundo vai dar aos brasileiros a impressão de que não é tão inepto, tão incapaz, tão inferior como ele mesmo se julga."
A campanha, que teve ainda o empate sem gols com a Inglaterra, vitória sofrida (1 a 0) sobre o País de Gales, goleada mágica contra a França (5 a 2), ficou marcada, porém, pela vitória por 2 a 0 sobre a União Soviética, a grande favorita dos europeus, no jogo de estréia dos até então reservas Garrincha e Pelé.
A atuação de Garrincha mereceu o seguinte comentário de Mario Filho, presidente do JS: "Se não tínhamos o Sputnik, tínhamos Garrincha, que nem toma conhecimento dessas coisas." Já Nelson Rodrigues resumiu o baile no lateral Kotsktsou, o primeiro João internacional: "Foi pior do que xingar a mãe."
1962
A vitória na Suécia havia quebrado um tabu: a Seleção Brasileira foi a primeira a ganhar uma Copa fora de seu continente, feito que seria repetido três vezes depois (América do Norte, duas, e Ásia, uma vez). No Chile, a Seleção tinha apenas duas mudanças: os zagueiros Mauro no lugar de Bellini e Zózimo no de Orlando. Aymoré Moreira substituíra Feola, adoentado.
Havia o temor de que o time sentisse a média de idade avançada, sobretudo dos laterais Djalma Santos e Nílton Santos. Temor que foi agravado pelo inesperado estiramento muscular de Pelé, logo no segundo jogo, e que o tirou definitivamente do restante da Copa. Seu substituto foi Amarildo, do Botafogo.
Mas se não havia Pelé, havia Mané. E Garrincha mais uma vez entortou os joões que apareceram e no dia 17 de junho, no Estádio Nacional de Santiago. Lá estava a Seleção Brasileira para a final contra a Tchecoslováquia, depois de passar por México, a mesma Tchecoslováquia, Espanha, Inglaterra e Chile.
Depois de um jogo de alto nível técnico, vitória insosfimável do Brasil por 3 a 1 e o bicampeonato conquistado e comemorado na volta da Seleção para o Rio com um monumental carnaval fora de época, depois de ser recebida com toda a pompa pelo presidente João Goulart.
1970
O Brasil vivia a era do Milagre Econômico, o regime era a ditadura militar, imposta em1964. Governava o general Médici. Depois de uma brilhante campanha nas Eliminatórias, sob o comando de João Saldanha, a Seleção entrou em crise antes de partir para o México.
João Saldanha foi substituído pelo ponta titular de 58 e 62 Zagallo, técnico do Botafogo. Zagallo fez uma mudança tática no time para encontrar um lugar para Rivellino, tirando Edu. Deslocou Wilson Piazza para a posição de quarto-zagueiro, ao lado de Brito, e formou o ataque com Jairzinho, Pelé, que seria eleito o craque da Copa, e Tostão. No meio-campo entregou a batuta ao maestro Gérson. A seu lado, Clodoaldo. Nas laterais, Carlos Alberto Torres e Everaldo. No gol, Félix. No banco, contava ainda com outro trunfo: Paulo César Lima, que usaria em momentos fundamentais da campanha.
O grupo do Brasil na primeira fase, em Guadalajara, era o mais forte. Havia um misto de desconfiança para a estréia, aliado a uma otimista euforia, graças à campanha do governo, sob os acordes de uma célebre marchinha de autoria de Miguel Gustavo intitulada "Prá frente Brasil".
A Copa marcou ainda a introdução de duas novidades: o cartão amarelo para a primeira advertência e o vermelho para a segunda e também para a expulsão do jogador faltoso e as substituições durante os jogos.
Finalmente, após um mês de preparação na altitude do México, no dia 3 de junho a Seleção entrava em campo para a esperada estréia contra a Tchecoslováquia. Depois do susto inicial — o gol de Petras — o show começou: da bomba de Rivellino aos passes de Gérson para os gols de Pelé e Jairzinho (dois) até a imortal jogada do Rei tentando encobrir o goleiro Viktor do meio do campo. Virou festa.
Festa que não iria parar mais, até o último jogo. No dia 7, foi a vez da Inglaterra, a então campeã mundial. Uma partida antológica, decidida por uma das mais célebres jogadas da história do futebol, desde o primeiro toque de Paulo César para Tostão, a virada genial para Pelé, já na área e o passe milimétrico do Rei para Jairzinho na direita entrar e fuzilar Banks.
Depois caíram Romênia, Peru, Uruguai e finalmente a Itália, dia 21, no Azteca, palco da final, que hoje completa 35 anos
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