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sábado, junho 25, 2005

ANTONIO CONSELHEIRO e a GUERRA DE CANUDOS

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Qual 0 significado da Guerra de Canudos ocorrida exactamente há cem anos no
interior da Bahia?
ANTÓNIO CONSELHEIRO

A história do movimento liderado por Antonio Conselheiro, no final do século passado nos sertões baianos já foi contada em prosa e verso. Até mesmo em literatura de cordel já foram difundidas múltiplas versões da tragédia de Canudos. A causa do movimento deve-se a muitas razões, entre elas o facto de haver mobilizado grande contingente militar para sua repressão, transformando um conflito local e regional na maior guerra civil ocorrida no Brasil naquele final de século.
Muito antes de VARGAS LLOSA, escrever o seu livro, sob o tema, já EUCLIDES DA CUNHA ,o havia feito em (1893-1897),na sua obra "SERTÕES" , que assumiu ao longo do tempo importância de paradigma, simbolizando a descoberta de um mundo desconhecido: os sertões.
A história de Canudos começou em 1893, quando foi fundado o Arraial de Canudos numa antiga fazenda de gado às margens do rio Vaza-Barris, nos sertões da Bahia. Sob a liderança do beato Antonio ConseIheiro, a população do Arraial chegou a atingir 8.000 sertanejos, integrados sob a forma de congregação religiosa. Viver no Arraial representava estratégia de sobrevivência para uma população camponesa sem terras e sem recursos,habitando uma região inóspita, com muitos períodos de seca e sol causticante. Além disso, sentiam-se amparados pelo beato Antonio Conselheiro, homem com alguma instrução, que os orientava e amparava moral e religiosamente, inclusive ministrando sacramentos. 0 beato pregava contra as leis do regime republicano, recém-instituído que considerava uma ofensa às leis de Deus.
Antonio Conselheiro batia-se principalmente contra a separação da Igreja e do Estado e contra o casamento civil. Via nessas novas leis uma heresia,pois considerava que Os poderes religiosos deveriam ter supremacia sobre os civis. Desse modo, orientava seus seguidores a não aceitarem as leis do governo republicano.
Em uma ocasião, chegaram a arrancar e queimar editais do governo que autorizava Os rnunicípios a cobrarem impostos da população.
A Igreja não via corn bons olhos o crescimento do Arraial, tendo chegado a designar alguns padres para elaborar relatórios sobre o movirnento de Conselheiro. Fazendeiros da região também sentiarn-se ameaçados com o crescimento do grupo, solicitando a ntervenção de autoridades locais.

Pequenos conflitos começararn a ocorrer. No transcorrer do ano de 1896, um conflito mais sério teve lugar. Necessitando de madeira e cal para a construção de uma igreja, os devotos do "Bom Jesus" partiram em direção a Juazeiro para adquirir o material. Contudo, os ânimos já estavarn acirrados.
Boatos de que um assalto da "gente de Canudos" estava por vir fez com que autoridades de Juazeiro entrassem em contato com autoridades do governo da Bahia, solicitando reforço policial e militar. Uma expedição militar seguiu para Juazeiro, dando origem à Guerra de Canudos. Ameaçados, os fiéis do "Bom Jesus" atacaram de surpresa a expedição, que bateu em retirada.
Uma nova expedição militar foi formada para vingar a primeira e acabou sendo também derrotada. Outras expedições seguiram em direção a Canudos, sofrendo sucessivas derrotas. Canudos tornou-se questão nacional,envolvendo o próprio presidente da República, Prudente de Morais, e altas patentes do Exército, até que no dia 5 de outubro de 1897 foram mortos os últimos defensores do Arraial.

Na época, o movimento de Antonio Conseiheiro era visto como fonte do mal e da anarquia. 0 beato era considerado por cientistas de renome, entre os quais o médico Nina Rodrigues, um desajustado mental. Respeitados intelectuais, como o escritor Machado de Assis, acreditavam ser necessário extirpar o mal de Canudos e pôr fim à "seita do Conseiheiro". 0 lançamento de "Os Sertões" de Euclides da Cunha, trouxe novas questões para o debate, abrindo caminho para novas interpretações sobre o movimento e a Guerra de
Canudos. Euclides, que assistiu ao final da guerra como repórter do jornal 0 Estado de São Paulo, concluiu que a Guerra de Canudos tinha sido um erro histórico. Segundo o escritor, em vez de soldados, o governo republicano deveria ter enviado "mestres de escola" para educar a população de Canudos no caminho do progresso e da civilização, ou seja, as autoridades militares e civis erraram e abusaram do poder ao reprimir pela força uma população que deveria, pelo contrário, ser integrada ao Estado-nação. Euclides da Cunha chamou a atenção para o desconhecimento total em que viviam as elites com
relação às populações dispersas pelo território. Os sertões eram mundos desconhecidos que precisavam ser desvendados. Euclides da Cunha fornecia uma interpretação que potencializava o aspecto positivo dos habitantes dos sertões do Norte, que ele chamava "nossos rudes patrícios". 0 principal argumento do escritor era de que essa popu-lação que vivia à margem da nação constituía o cerne da nacionalidade. Os "Sertanejos" de Canudos, mártires dos desvios e dos abusos do poder do governo republicano, passaram a representar, metaforicamente, o povo brasileiro. Resgatá-los, nem que fosse proceden -do a uma revisão histórica dos erros de Canudos, significava resgatar o projeto da nação brasileira.

Cem anos depois, preservar a memória da Guerra de Canudos significa, sobretudo, ficar atento para que novas injustiças não sejam cometidas e que o Pais possa dar um passo adiante, congregando suas forças, em vez de dizimá-las.

Um comentário:

Sr.sen disse...

Nuub kk,e não gostei muito obg.