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sábado, abril 08, 2006

Sérgio Godinho

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SERGIO GODINHO É UMA LEGENDA DA
MÚSICA PORTUGUESA DA RESISTÊNCIA
À DITADURA DE SALAZAR.
REFUGIADO EM PARIS PRODUZIU
DAS MELHORES CANTIGAS DE LUTA
E DESMISTIFICAÇÃO DO REGIME.
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O CHARLATÃO É DAS MAIS EXPRES-
SIVAS DAS SUAS OBRAS, E ERA
OUVIDA CLANDESTINAMENTE ANTES
DA REVOLUÇÃO DE ABRIL.
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CHARLATÃO

(Letra e Música de Sérgio Godinho
Música de José Mário Branco)

Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso outro é soldado
um está morto e outro ferido
outro em França anda perdido

É entrar senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
Têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar senhorias ...

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas



Para a rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar senhorias ...

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro de um canhão
e o trono é do charlatão
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Sérgio Godinho nasceu em 1945 no Porto. Partiu de Portugal com 20 anos, recusando assim fazer a guerra colonial. Viveu durante nove anos em Genéve, Paris, onde integrou o elenco da comédia musical "Hair", Amesterdão, Brasil, onde se juntou ao grupo de vanguarda “Living Theater” e Vancouver. O seu primeiro LP "Os Sobreviventes" foi gravado em França, em 1971, com músicos franceses e a colaboração de alguns portugueses então radicados em França. Gravou também no exílio o álbum "Pré-Histórias". Estes dois discos, premiados pela Casa da Imprensa, foram sucessivamente proíbidos e autorizados pela censura de então.


Tendo regressado a Portugal após a revolução democrática do 25 de Abril de 1974, Sérgio Godinho tornou-se autor de algumas das canções mais unânimemente aclamadas da música portuguesa - "Com Um Brilhozinho Nos Olhos", "O Primeiro Dia", "É Terça-Feira", apenas para citar três. Em 1983, no seu álbum "Coincidências", incluiu temas compostos em parceria com alguns dos mais reputados músicos brasileiros - nomes como Chico Buarque, Ivan Lins ou Milton Nascimento - algo até então inédito na produção musical portuguesa.

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