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segunda-feira, março 19, 2007

19 de Março, nasce ASSIS VALENTE

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Assis Valente


José de Assis Valente (Santo Amaro, 19 de março de 1911 — Rio de Janeiro, 6 de março de 1958) foi um compositor brasileiro, levado ao suicídio por dívidas. Dentre suas composições mais famosas está “Brasil Pandeiro”


Biografia atribulada
Era filho de José de Assis Valente e D. Maria Esteves Valente. Segundo relatava, tinha sido roubado aos pais, ainda pequeno, sendo depois entregue a uma família Santoamarense, que lhe deu educação, ao tempo em que o iniciou no trabalho, algo extenuante.

Já aos dez anos de idade revelava-se admirador de grandes poetas, como Castro Alves e Guerra Junqueiro, cujos versos declamava, encantando aos que ouviam. Por essa idade segue com um circo mambembe, até que finalmente radicou-se em Salvador, onde faz-se aluno do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, aprendendo também a confeccionar dentaduras.

Em 1927 muda para o Rio, onde se emprega como protético e consegue publicar alguns desenhos. Na década de 30 compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres.

Muitas de suas composições alcançam o sucesso, nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho e muitos outros. Sua admiração por Carmem fê-lo até procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora - o que não procedia. A paixão não impediu que para ela compusesse várias canções, sempre presentes em seus discos.

Graças a uma dívida cobrada por Elvira Pagã, que lhe cantara alguns sucessos, junto com a irmã, tenta o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos.

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941 (13 de maio) havia tentado o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado – tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores.

Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, e separa-se da esposa.


O suicídio
Desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão.

Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lho pagasse dois alugueres em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último "verso":

"Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo."

Composição e poética
Seu trabalho foi um dos mais profícuos da música, constando que chegava a compor quase uma canção por dia – muitas delas vendidas a baixos preços para outros, que então figuravam como autores.

Seu primeiro sucesso, ainda de 1932, foi “Tem Francesa no Morro”, cantando por Aracy Cortes.

Foi autor, também, de peças para o Teatro de revista, como Rei Momo na Guerra, de 1943, em parceria com Freire Júnior[1].

Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente redescoberto nos anos 60, nas vozes de grandes intérpretes da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, etc.


Excertos
Suas canções foram muitas vezes regravadas, mesmo depois de sua morte, atingindo sucessivas gerações, no Brasil. Suas composições trazem um conteúdo poético, que buscam emocionar, algumas com um teor mais reflexivo. Alguns exemplos:

“Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem”
(de: “Boas Festas”)

“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar”
(de: “Brasil Pandeiro”).


Musicografia
Ver artigo principal: Lista das composições de Assis Valente.
Sua farta produção foi capaz de popularizar expressões, que eram faladas no Brasil todo, como “Deixa estar, jacaré” – ou durante todos os anos voltar a ser tocadas, como “Cai, Cai, Balão”. Seu principais sucessos:

Composição
A Folia Chegou — 1938 marcha
A Infelicidade me Persegue — 1936 samba Sônia Carvalho; Dora Lopes
A Rosa e Vento — samba
A Saudade me Viu 1938 samba Bando da Lua
A Semana Findou 1950 samba
A Vida é Boa Herivelto Martins e Francisco Sena 1934 marcha
Abre a Boca e Fecha os Olhos 1933 samba Moreira da Silva
Acabei a Paciência 1933 samba Jaime Vogeler
Acorda, São João 1934 marcha Carmem Miranda, Moraes Moreira
Adivinhação — 1936 marcha Bando da Lua
Boneca de pano — 1950 samba Carmen Costa
Brasil Pandeiro — 1940 samba
Cai, Cai, Balão — 1933 marcha
Camisa Listrada — 1937 choro Marlene
E o Mundo Não se Acabou — 1938 choro Marlene
Este Samba Foi Feito pra Você Humberto Porto 1935 samba
Fez Bobagem — 1942 samba
Good Bye, Boy — 1933 marcha
Tem Francesa no Morro — 1932 samba
Uva de Caminhão — 1939 samba Marlene


Discografia e homenagens
Quatro álbuns póstumos reúnem trabalhos do compositor:

Assis Valente (1970) - RCA/Abril Cultural 33/10 pol
Assis Valente (1977) - Abril Cultural 33/10 pol.
Assis Valente (1989) - FUNARTE LP
Assis Valente com Dendê - Sons da Bahia (Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia - Bahiatursa); Salvador, 1999.
De 1956 é o álbum “Marlene Apresenta Sucessos de Assis Valente”, da cantora Marlene.
A Rede Globo, em 1977, dedica-lhe todo um programa da série “Brasil Especial”.
A mesma emissora, na década de 80, usa um título de uma composição sua para nominar um programa – “Brasil Pandeiro” – apresentado pela actriz Beth Faria.
"Brasil Pandeiro - Assis Valente", obra da Ed. Irmãos Vitale (Coleção "Canta um Conto", 2004, ISBN 8574071730) traz um pouco da obra do grande compositor

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