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Jorge Palma
Jorge Manuel de Abreu Palma (Lisboa, 4 de Junho de 1950) é um compositor e cantor português.
Biografia
1956-1966
Aos seis anos, e ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever, iniciou os seus estudos de piano. Foi no Conservatório Nacional a sua primeira audição, aos oito anos, numa altura em que era aluno de Maria Fernanda Chichorro. Venceu o segundo prémio do Concurso Internacional de Piano, integrado no Festival das Juventudes Musicais, em Palma de Maiorca, em 1963, com uma menção honrosa do Júri. Nos seus estudos cruzou-se com o Liceu Camões e um Colégio Interno, nas Mouriscas, perto de Abrantes. Durante a adolescência e a par da formação erudita, começa a interessar-se pelo rock’n’roll, e, de um modo geral, pela música popular americana e inglesa. É por esta altura que descobre a guitarra. Bob Dylan, Led Zeppelin e Lou Reed são algumas das suas influências.
1967-1971
Em 1967, no Algarve, integra o grupo Black Boys, tocando órgão. Esta primeira experiência profissional, na companhia de músicos de Santarém, durou cerca de seis meses e foi interrompida por uma aparição “oportuna” do seu pai, num dos bares em que o grupo tocava, num momento em que a experiência já se estava a esgotar, culminando no regresso a Lisboa e no regresso aos estudos secundários em Lisboa.
De 1969 a 1971, enquanto estuda Engenharia na Faculdade de Ciências de Lisboa (numa altura em que “o geral podia-se fazer ou no Técnico ou na Faculdade de Ciências”), integra o grupo pop-rock Sindicato, como teclista e cantor. Do grupo faziam parte Rão Kyao, Vítor Mamede, João Maló, Rui Cardoso e Ricardo Levi. Para além dos covers de bandas de rock americanas e inglesas (Led Zeppelin, Stephen Stills, Chicago, Blood Sweat and Tears, entre outros), o grupo compôs originais, em língua inglesa. A entrada de uma secção de metais encaminha-os para uma estética de fusão entre o Jazz e o Rock. Em 1971, gravaram o single "Smile", que tinha no lado B "SINDIblues Swede CATO'S Shoes", uma versão do standard de rock’n’roll "Blue Suede Shoes", de Carl Perkins. No mesmo ano, deram o seu último concerto na primeira edição do Festival Vilar de Mouros.
1972-1974
A estreia a solo de Jorge Palma acontece com o single The Nine Billion Names of God (1972), título de um conto de Arthur C. Clarke e inspirado também no livro "O Despertar dos Mágicos", de Louis Pauwels e Jacques Bergier. Por esta altura, inicia uma colaboração com José Carlos Ary dos Santos, que o ajuda a aperfeiçoar a escrita poética, e com quem estabelece uma relação aluno-mestre. “O ano de 1972, 1973, até ao Verão, até Setembro, esse ano e meio foi de convívio intenso com o Ary, sobretudo. Quase todas as noites estávamos juntos”[carece de fontes?]. Deste contacto resulta o EP A Última Canção (1973), com quatro composições de Jorge Palma, duas delas com letras de Ary dos Santos.
Ainda em 1972, realiza uma viagem transcontinental passando pelos Estados Unidos, Canadá e Caraíbas. Neste mesmo ano abandona os estudos de Engenharia.
Em Setembro de 1973, recusando cumprir o serviço militar obrigatório, e, consequentemente, embarcar numa guerra para o Ultramar, parte para a Dinamarca, com Gisela Branco, sua primeira mulher, onde lhe foi concedido asilo político. Como afirma na entrevista a Cristiano Pereira do Jornal de Notícias de 22/09/2002:
Com licença, meus amigos, mas para a guerra não vou.[carece de fontes?]
Na Dinamarca trabalhou como empregado num hotel. Em simultâneo, compunha e escrevia letras, participando, por vezes, em programas de rádio onde apresentou composições suas e de outros intérpretes da Música Popular Portuguesa (MPP).
1974-1979
Regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974, iniciando uma carreira como orquestrador, entre 1974 e 1977, na indústria discográfica. Fez arranjos para fonogramas de Pedro Barroso, Paco Bandeira, Francisco Naia, Rui de Mascarenhas, Tonicha, João Vaz Lopes, Valério Silva, Adelaide Ferreira e dos agrupamentos Intróito e Maranata. Participou como instrumentista em gravações de José Barata Moura e José Jorge Letria, entre outros.
Em 1975, concorreu ao Festival RTP da Canção com "O Pecado Capital", uma composição sua em co-autoria com Pedro Osório, defendida em dueto com Fernando Girão, e "Viagem", uma composição de Nuno Nazareth Fernandes com letra sua. Ficaram classificadas em 7º e 8º lugares, respectivamente, num total de dez canções concorrentes.
Nesse ano gravou o seu primeiro LP,Com uma Viagem na Palma da Mão, para a Valentim de Carvalho, com canções compostas durante o exílio político em Copenhaga.
Depois da gravação do seu segundo trabalho discográfico - 'Té Já (1977)- e de uma digressão ao Brasil como músico de Paco Bandeira, partiu em viagem, cantando e tocando guitarra nas ruas de várias cidades espanholas (1977) e francesas (1978-1981), nomeadamente Paris, interpretando repertório de compositores de música popular americana, como Bob Dylan, Crosby, Stills and Nash, Leonard Cohen, Neil Young, Simon & Garfunkel, entre outros.
Em 1979, vive alguns meses em Portugal, morando no Ninho das Águias, junto ao Castelo de S. Jorge, em Lisboa. Grava "Qualquer Coisa Pá Música", o seu terceiro álbum de originais, com membros do grupo acústico O Bando, seguindo-se uma série de actuações a solo e com o referido grupo.
1980-1989
Jorge Palma (1982)No início da década de 1980, regressou a Paris, com a sua segunda mulher, Graça Lami, voltando a Portugal em 1982 para gravar o álbum duplo Acto Contínuo, com gravação prevista ao vivo, mas que acabou por ser gravado em estúdio e num curto espaço de tempo.
Vicente, o seu primeiro filho, nasce em 1983 e a ele dedica a música "Castor", do seu quinto álbum de originais - Asas e Penas (1984). De resto, ela é nele “inspirada”, a julgar pelo que consta na capa do registo sonoro, e só não é verdadeiramente instrumental pela sua participação/intervenção. Na sequência deste disco realiza diversos concertos em Portugal, França e Itália.
O ano seguinte é marcado pelo lançamento do seu sexto álbum de originais e um dos mais aclamados da sua carreira, O Lado Errado da Noite. O single "Deixa-me Rir" é dele extraído e teve um enorme sucesso, sendo, ainda hoje, uma das músicas que funciona como uma espécie de imagem de marca e uma das mais requisitadas pelos fãs nos concertos. Por este álbum recebe o “Sete de Ouro”, o “Troféu Nova Gente”, que é definido, por alguns críticos, como “o lado certo de Jorge Palma” ou “Palma de Ouro”, e realiza uma longa tournée por Portugal e Ilhas, sendo a sua primeira grande apresentação em Lisboa no espaço da Aula Magna da Universidade de Lisboa, ainda que tenha participado num concerto anterior, no mesmo local, organizado por estudantes. “Mas foi uma primeira Aula Magna, organizada por estudantes e não teve muita gente.”
Em 1986, concluiu o Curso Geral de Piano no Conservatório Nacional e gravou o seu sétimo álbum de originais – "Quarto Minguante", marcado por problemas entre JP e editora.
Os anos seguintes foram marcados pela frequência do antigo Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional, onde foi aluno da compositora Maria de Lourdes Martins
Em 1989, edita Bairro do Amor, considerado pelos jornais Público e Diário de Notícias como um dos álbuns do século da música portuguesa. Este trabalho marca a saída de JP da editora EMI- Valentim de Carvalho, que recusou a edição deste álbum, e a passagem para a PolyGram.
Compondo, escrevendo letras, fazendo arranjos e desempenhando a direcção musical nas gravações dos seus fonogramas, foi acompanhado por músicos com experiência em diversos domínios musicais, como o pop-rock, a MPP, a música improvisada, a música erudita e o jazz, dos quais se salientam Carlos Bechegas, Carlos Zíngaro, Edgar Caramelo, Guilherme Inês, Jorge Reis, Júlio Pereira, Rui Veloso, Zé Nabo, José Moz Carrapa, Zé da Ponte e Kalu, entre outros.
1990-1999
Durante a década de 1990 suspendeu a gravação de composições originais para se dedicar à reinterpretação da sua obra, participando regularmente noutros agrupamentos, realizando gravações para intérpretes próximos de si, compondo música para teatro, bem como preconizando inúmeros concertos pelo país, que se traduziram num amento significativo da sua popularidade, sobretudo junto do público mais jovem.
Em 1991, foi editado Só, um álbum intimista, no qual JP revisita temas antigos, a solo e ao piano, e que foi gravado “sem rede”, isto é, voz e piano em simultâneo. Este trabalho foi premiado com um “Sete de Ouro” e o Diário de Notícias considerou-o, uma vez mais, um dos álbuns do século XX.
O álbum Ao Vivo no Johnny Guitar, de 1993, surge na sequência da formação do grupo Palma’s Gang, que reuniu os músicos Kalu e Zé Pedro (Xutos e Pontapés) e Flak e Alex Rádio Macau, e que realizou alguns concertos pelo país. Esta é uma segunda revisita à sua obra, mas desta vez num formato eléctrico, já que se tratava de um projecto rock. Participa, também, no álbum Sopa, dos Censurados, assinando a letra e emprestando a voz a "Estou Agarrado a Ti".
O ano seguinte fica marcado por vários concertos, quer a solo, quer com o Palma's Gang, destacando-se os concertos do S. Luís, a 4 e 5 de Novembro, que viriam, mais tarde, a ser transmitidos pela RTP.
Durante o ano de 1995 continua a realizar concertos por todo o país, passando também pelo Casino Estoril, num formato solo, e com produção musical de Pedro Osório. Integrou, como pianista convidado, o Unplugged dos Xutos e Pontapés, na Antena 3, e foi letrista, compositor e músico em Espanta Espíritos, um álbum em que participaram vários nomes da MPP e que foi produzido por Manuel Faria, um ex-Trovante. Ainda neste ano, nasce o seu segundo filho- Francisco.
Integrou o agrupamento Rio Grande, em 1996, formado por Tim (Xutos & Pontapés), João Gil Ala dos Namorados, Rui Veloso e Vitorino, que alcançou uma considerável popularidade, gravando dois CD’s (1996 e 1998). Nesse mesmo ano, musicou poemas de Regina Guimarães, integrados na peça de Bertolt Brecht "Lux in Tenebris" - levada à cena pela companhia de teatro de Braga - e colaborou com Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto no espectáculo "Filhos de Rimbaud", apresentado no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Foi director musical do espectáculo teatral "Aos que Nasceram Depois de Nós", baseado em textos de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weill, Hans Eisler, do próprio dramaturgo e com uma composição de JP ("Do Pobre B.B."). Participa, também, no álbum Encontros - Canções de João Lóio, daquele ex-membro do GAC-Vozes na Luta, e vê ser recriado "Frágil" (de Bairro do Amor, 1989) por André Sardet, no seu álbum de estreia, Imagens. É, ainda, em 1996, que a EMI-Valentim de Carvalho lança a compilação Deixa-me Rir, integrada na colecção Caravela, contendo músicas dos álbuns "Asas e Penas", "O Lado Errado da Noite" e "Quarto Minguante".
No ano seguinte, para além dos habituais concertos, participa nalguns trabalhos, como em Todo Este Céu, de Né Ladeiras, uma revisita a temas de Fausto Bordalo Dias, e Voz e Guitarra, uma produção de Manuel Pedro Felgueiras (Ala dos Namorados), com a participação de inúmeros artistas, que escolheram e recriaram temas apenas com voz e guitarra. Sai também o segundo álbum dos Rio Grande - Dia de Concerto - ao vivo no Coliseu dos Recreios. Nele se estreia o original de Jorge Palma "Quem És Tu de Novo?", mais tarde incluído em Jorge Palma (2001).
Os anos finais da década de 1990 são marcados por muitos concertos e trabalhos. Destacam-se os concertos das queimas das fitas, “Festival Outono em Lisboa”, vários durante a Expo, em nome próprio, em solidariedade para com a Guiné Bissau e como convidado do espectáculo "As Vozes Búlgaras", de Amélia Muge. Participou, também, no álbum de tributo aos Xutos e Pontapés – XX Anos XX Bandas - recriando "Nesta Cidade", acompanhado pela guitarra de Flak, e no álbum Tatuagem, de Mafalda Veiga, no dueto "Tatuagens", que veio a ser single do disco. Visitou também Timor Leste na companhia de Fernando Tordo.
2000-2004
Em 2000, continua a realizar concertos por todo o país. A Universal lança a colectânea Deixa-me Rir, que reúne canções dos álbuns Bairro do Amor e Só, e que se assume como um êxito comercial (mais de trinta mil cópias vendidas), mantendo-se no top nacional de vendas durante várias semanas. O enorme sucesso deste álbum levou a que o lançamento do novo álbum de originais, entretanto gravado, fosse sendo sucessivamente adiado, acabando por ver a luz do dia já em 2001. Ainda em 2000, JP participa no álbum de tributo a Rui Veloso, juntamente com Flak, interpretando "Afurada", para além de ter emprestado a sua voz a "Laura", canção pertencente à banda sonora do tele-filme da SIC, "A Noiva", que trata o tema da Guerra Colonial, precisamente aquela de que fugira vinte e sete anos antes.
Em 2001, sai, então, o álbum Jorge Palma, muito bem recebido pela crítica e ainda mais pelo público, ávido de novas músicas, mais de doze anos decorridos sobre o lançamento do seu último disco de originais. Logo na primeira semana, o disco chegou ao terceiro lugar do top nacional e foi disco de prata. Dois meses antes, fora reeditado Acto Contínuo, cuja versão não existia, ainda, em formato CD. Nesse ano abriu o terceiro dia do Festival Sudoeste e tocou nos Coliseus de Lisboa e Porto, em Novembro, entre outros concertos. Escreveu um tema para Mau Feitio, um álbum de Paulo Gonzo, deu a voz a "Diz-me Tudo", música de abertura da telenovela portuguesa da SIC “Ganância” e emprestou o piano a "Fome (Nesse Sempre)", tema de estreia dos Toranja.
Em 2002, recebeu o prémio José Afonso pelo seu disco Jorge Palma e foi nomeado para os Globos de Ouro, promovidos pela SIC, nas categorias de melhor intérprete individual e de melhor música ("Dormia Tão Sossegada"). Deu três concertos em Junho, no Teatro Villaret, acompanhado pelo seu filho Vicente, que foram editados num CD duplo, lançado em Setembro, com o título No Tempo dos Assassinos - Teatro Villaret - Junho de 2002. Contém trinta e três temas da sua vasta obra.
Ainda em 2002, os Cabeças no Ar - na prática, os Rio Grande sem Vitorino - lançam um disco e Qualquer Coisa Pá Música é reeditado.
Em 2003 e 2004, a agenda preenchida mantém-se, com inúmeros concertos pelo país, incluindo participações em concertos de Sérgio Godinho. Prepara, no entanto, um trabalho gravado em sua própria casa em que alia a sua interpretação ao piano à voz de Ilda Fèteira, numa incursão pela poesia portuguesa contemporânea. Esta "obra de culto" foi editada a expensas próprias e apresentada na Associação 25 de Abril.
Em Agosto de 2004, JP entrou para estúdio de Mário Barreiros, no Porto, para gravar mais um álbum de originais, que contou com participações especiais de muitos músicos portugueses com quem JP ainda não tinha trabalhado até então. O disco teve por título Norte. Lançou em 2007 o último trabalho até agora, Vôo Nocturno.
Discografia
[editar] Álbuns de Estúdio
Com Uma Viagem na Palma da Mão (1975)
'Té Já (1977)
Qualquer Coisa Pá Música (1979)
Acto Contínuo (1982)
Asas e Penas (1984)
O Lado Errado da Noite (1985)
Quarto Minguante (1986)
Bairro do Amor (1989)
Só (1991)
Jorge Palma (2001)
Vinte e Cinco Razões de Esperança (c/ Ilda Fèteira) (2004)
Norte (2004)
Vôo Nocturno (2007)
Singles
The Nine Billion Names of God (1972)
O Pecado Capital (c/ Fernando Girão) (1975)
Viagem (1975)
Deixa-me Rir (1985)
Dormia tão sossegada (2001)
Valsa de um homem carente (2004)
Encosta-te a Mim (2007)
[editar] EP's
A Última Canção (1973)
[editar] Ao Vivo
Jorge Palma no Festival de Vilar de Mouros 2005Palma's Gang - Ao Vivo no Johnny Guitar (1993)
No Tempo dos Assassinos - Teatro Villaret - Junho de 2002 (2002)
Colectâneas
Deixa-me Rir (1996)
O Melhor dos Melhores (1998)
Clássicos da Renascença (2000)
Dá-me Lume - O Melhor de Jorge Palma (2000)
O Melhor de 2 [CD 1: Sérgio Godinho] (2001)
A Arte e a Música (2004)
Estrela do Mar (2004)
Deixa-me Rir (2005)
Grandes Êxitos (2006)
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